Catadores realizam caminhada e entregam reivindicações à Prefeitura

 

Manifestação visou sensibilizar a população e o poder público para a importância da ampliação da coleta seletiva em São Paulo e os riscos da incineração

Airton Goes airton@isps.org.br

Cerca de 300 catadores, representantes de entidades da sociedade civil e cidadãos que apoiam a causa da reciclagem de resíduos realizaram, nesta quarta-feira (11/8), uma caminhada pelas ruas do centro de São Paulo. A atividade teve início na Câmara Municipal e foi encerrada em frente à sede da Prefeitura, onde os manifestantes entregaram um documento endereçado ao prefeito, Gilberto Kassab, com as reivindicações da categoria.

O documento, assinado pelo Comitê de Catadores da Cidade de São Paulo e pelo Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), defende, entre outros pontos, a instalação dos galpões para o funcionamento adequado das organizações de catadores já em atividade, a inclusão de mais cooperativas no sistema oficial de coleta seletiva e um programa de educação ambiental para orientar os moradores e estabelecimentos a separarem o material de forma adequada.

De acordo com os organizadores da manifestação, a caminhada visou conscientizar e sensibilizar a população e o poder público para a importância da ampliação da coleta seletiva e sobre os riscos da incineração. “A incineração causa câncer, aumenta a poluição e vai acabar com a categoria [dos catadores]”, argumenta Mara Lucia Sobral Santos, da Cooperativa Granja Julieta, uma das manifestantes.

Não existe nenhum projeto concreto para instalar incineradores na cidade de São Paulo, mas os catadores receiam que isto acabe acontecendo se não houver uma política integrada da Prefeitura para ampliar a coleta seletiva. Além disso, em outras cidades e regiões do Estado, como São Bernardo e a Baixada Santista, a proposta de incinerar os resíduos se encontra em estágio mais avançado.

Moradores que serão atingidos pelo novo projeto da Operação Água Espraiada tambem protestam

Ao chegarem em frente à Prefeitura, no final da caminhada, os catadores encontraram outra manifestação já em andamento: eram moradores e representantes de organizações da região do Jabaquara que protestavam contra a mudança do projeto original da Operação Urbana Água Espraiada.

Segundo os manifestantes, a alteração que a administração municipal fez no projeto irá ampliar o número de desapropriações inicialmente previsto. “Exigimos o cumprimento da Lei 13.260”, dizia uma das faixas exibidas no protesto, referindo-se à lei que autorizou a operação urbana. Os moradores dizem que, só no desemboque do novo túnel, 700 famílias perderão suas casas. O receio é que os desalojados sejam deslocados pela Prefeitura para outras regiões, longe do local em que moram atualmente.

José Luiz Ribeiro, integrante da Associação Comercial e do Conselho das Associações de Sociedades Amigos de Bairro da região, informou que uma comissão de moradores foi recebida por representantes da Secretaria Municipal da Habitação (Sehab). “Na reunião, protocolamos um pedido de audiência com o prefeito, pois a Sehab não tem nada a ver com as desapropriações”, relatou.  

A proposta inicial da Prefeitura era fazer um túnel de 400 metros entre a Avenida Roberto Marinho e a Imigrantes, mas, com as mudanças introduzidas, o cumprimento da via subterrânea subiu para 2.400 metros. Na avaliação dos manifestantes, o fato mais grave, entretanto, é que o novo projeto está fora do perímetro da operação urbana aprovada pela Câmara Municipal.

Não muito longe da manifestação, o secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, Eduardo Jorge, participava de uma reunião da Câmara Municipal para discutir o decreto que liberou a construção de prédios em áreas de mananciais. Ao final do evento, ele mudou de assunto e defendeu a aprovação da licença ambiental para o novo projeto da Operação Urbana Água Espraiada.

“Das oito mil famílias que estão na área de risco, quatro mil serão contempladas com habitações previstas na própria licitação que possibilitou a contratação das empresas para fazer as obras e as outras quatro mil terão suas casas construídas na mesma região, por meio de um convênio da Prefeitura com a CDHU [Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano]”, explicou o secretário.

O parecer sobre a licença ambiental do novo projeto da operação urbana será votado em uma plenária extraordinária do CADES (Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável), que ocorre na próxima sexta-feira (13/8), às 9 horas da manhã, na Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz – UMAPAZ (Av. IV Centenário, 1269 – Portão 7A, no Parque do Ibirapuera).

Confira o documento entregue à Prefeitura

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