Área total equivale a 42 campos de futebol e inclui também parte de Perdizes
Operação passará por área do Playcenter; objetivo é preparar Barra Funda para atrair mais 60 mil moradores
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO
Símbolos dos tempos de industrialização de São Paulo, velhos galpões da Barra Funda devem virar escombros. Ícones de outra época, prédios e obras viárias terão mais espaço e levarão mais gente à zona oeste da cidade.
Esse é o cenário traçado pelo EIA-Rima (estudo de impacto ambiental) da Operação Urbana Água Branca, um conjunto de intervenções da prefeitura que visa mudar o perfil do bairro aumentando a sua ocupação residencial -a expectativa é levar mais de 60 mil moradores à região.
Os galpões industriais representam 37% da área que será desapropriada -as residências, 33%. No total, serão 345,6 mil m2, o equivalente a 42 campos de futebol.
Uma das áreas corta praticamente ao meio o Playcenter, na marginal Tietê.
As desapropriações servirão para a implantação de obras viárias como ampliação de avenidas, implantação de ciclovias ou alargamento de calçadas.
Uma das obras deverá levar à demolição de casas de médio padrão no bairro de Perdizes, próximo ao estádio do Palmeiras. A rua Cotoxó será aberta até a rua Turiaçu.
Não há previsão de quando o plano será implantado.
MAIS CARROS
O trânsito é hoje, ao lado das enchentes, o maior problema da região. A projeção é que a frota do bairro, de 8.100 veículos, seja de 27,4 mil em 2025, também por influência do adensamento.
O número de moradores deve passar de 25 mil para 85 mil. Entre os novos vizinhos, metade deverá ocupar moradias de médio padrão e o restante se dividir igualmente entre alto e baixo padrão.
Isso é estimulado pela liberação de prédios acima dos limites de altura fixados pela prefeitura, que em troca recebe pagamento das construtoras. Esse caixa financiará as intervenções.
Para o arquiteto e urbanista Kazuo Nakano, do Instituto Pólis, é preciso uma estratégia para adensar a área.
"Moradia de classe média alta adensa em número de construções, mas não em população. As famílias são menores, os apartamentos ficam vagos", diz Nakano.
Para Edivaldo Godoy, presidente da Associação de Moradores e Amigos da Barra Funda, a comunidade local não é contra, mas quer participar mais da discussão.
Segundo a prefeitura, o estudo de impacto ambiental passará por uma audiência pública, ainda sem data definida. Depois, precisa ser aprovado pelo conselho municipal de meio ambiente.
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