Cetesb recomenda que população reduza voluntariamente uso do automóvel

 

Empresa, que monitora a poluição atmosférica, sugere que os proprietários de veículos particulares adotem a medida até que a qualidade do ar volte a níveis aceitáveis

Airton Goes airton@isps.org.br

A baixa umidade do ar e alta concentração de poluentes, verificadas na região metropolitana de São Paulo nos últimos dias, levaram a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente a recomendarem à população que reduza voluntariamente a utilização do automóvel até que a qualidade do ar volte a níveis considerados aceitáveis.

A recomendação direcionada aos proprietários de veículos particulares, divulgada quinta-feira (26/8) em nota à imprensa, não é a única feita pela Cetesb. A empresa, que monitora a poluição do ar e dos rios e córregos do estado de São Paulo, sugere ainda que as pessoas não pratiquem atividades ao ar livre entre 12 e 18 horas, evitem aglomerações em recintos fechados, mantenham umidificados os ambientes internos em suas residências e no trabalho, não queimem lixo e aceitem e ofereçam carona.

De acordo com o documento, em situações como a que São Paulo está enfrentando é comum ocorrerem complicações respiratórias na população, devido ao ressecamento das mucosas, que podem provocar sangramento no nariz, ressecamento da pele e irritação nos olhos. Daí a necessidade das recomendações, que visam minimizar os efeitos da baixa umidade e alta concentração de poluentes.

O problema vivenciado pelos moradores da área metropolitana da capital paulista fica mais evidente quando se observa os dados disponibilizados pelo site da Cetesb (www.cetesb.sp.gov.br). Nesta sexta-feira (27/8), às 14 horas, 17 estações de medição da empresa registraram a poluição atmosférica em pontos diferentes da região. O resultado foi o seguinte: duas apresentaram qualidade do ar “má” (Ibirapuera e Diadema), nove “inadequada” (entre as quais Santana e Parque D. Pedro II) e seis “regular” (Cerqueira Cesar e Congonhas, por exemplo). Nenhuma das estações de monitoramento registrou qualidade “boa” do ar.

Já são oito dias seguidos que a poluição fica acima do ideal em alguns pontos medidos, o que não ocorria desde 2000. Além disso, nos últimos cinco dias a umidade relativa do ar ficou abaixo dos 30%, sequência inédita desde 1945.

Apesar do desconforto que parte da população está sentindo, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e a Cetesb avaliam que a situação é comum nesta época do ano e está sob controle. “Não há a necessidade de se tomar medidas mais drásticas que objetivariam evitar iminentes riscos à saúde da população”, afirma a nota.

Para Paulo Saldiva, coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da USP, o efeito prático da recomendação da Cetesb, para que se reduza voluntariamente o uso do automóvel, dependerá da adesão da sociedade. “Se as pessoas tivessem bom senso e demonstrassem um pouco de cidadania seria legal”, opina. Ele, entretanto, tem dúvida se a sugestão irá funcionar.

Saldiva explica que, ao evitar o uso do carro, neste momento, o cidadão estará contribuindo de duas formas: não emitindo gases poluentes e não reduzindo a umidade do ar. “Como o escapamento emite calor, isto torna o ar da cidade ainda mais seco”, argumenta.

Quase 20% dos veículos foram reprovados pela inspeção ambiental este ano

Outro fator que agrava o problema da poluição do ar em São Paulo é a quantidade de veículos que, por estarem com os motores desregulados, emitem mais gases de efeito estufa do que deveriam. Dados da empresa Controlar divulgados esta semana pela Rádio CBN revelam que 1.194.710 veículos passaram pela inspeção ambiental em São Paulo, entre janeiro e julho deste ano. Deste total, 236.480 foram reprovados na 1ª inspeção, o que representa 19,79%.

Entre os vários tipos de veículos (carros, ônibus, motos e caminhões), são os movidos à diesel que têm apresentado o maior índice de reprovação. No mês de julho, por exemplo, 35,30% dos veículos que utilizam este combustível não passaram na 1ª inspeção.

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