Audiências públicas debaterão licença ambiental para linha de monotrilho

 

Trecho de 21,6 km, que ligará os bairros Morumbi, Congonhas e Jabaquara, já tem oito áreas definidas pela Companhia do Metropolitano para serem desapropriadas

Airton Goes airton@isps.org.br

O impacto ambiental e as questões relacionadas ao licenciamento da obra proposta pelo Governo do Estado de São Paulo para implantar a linha de monotrilho que ligará as regiões do Morumbi, Congonhas e Jabaquara serão temas de duas audiências públicas. O primeiro dos debates, que foram convocados pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, está marcado para a próxima segunda-feira (20/9), às 18 horas, no CEU Paraisópolis (veja "serviço" ao final do texto).

As audiências servirão para entidades e moradores questionarem o projeto e apresentarem sugestões de exigências ambientais, antes que o Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CADES) tome uma decisão sobre a licença ambiental para o início da obra.

Enquanto isso, a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), que é a empresa responsável pela implantação do trecho de 21,6 km de monotrilho, batizado de Linha-17 Ouro do Metrô, já anunciou que oito áreas do trajeto previsto deverão ser desapropriadas. A definição dos locais sujeitos à desapropriação para a construção das estações está no edital do pregão que a companhia deverá promover no dia 24, com o objetivo de escolher a empresa que irá elaborar os laudos de avaliação dos terrenos.

De acordo com informações divulgadas pela imprensa, a expectativa do Metrô é gastar R$ 185 milhões na desapropriação de até 132 mil m2, o que corresponde a 18 campos de futebol. O valor médio do metro quadrado seria de R$ 1.400,00. A empresa informa que a definição exata do traçado e dos imóveis que serão atingidos pela linha só ocorrerá após a conclusão do projeto básico da obra.

O Metrô argumenta que a opção pelo sistema de monotrilho – trens que trafegam em vias elevadas, sustentadas por pilares – diminui a necessidade de desapropriações na Linha-17 Ouro.

Os planos dos governos estadual e municipal que visam implantar o novo sistema de transporte no lugar do metrô não têm sido bem recebidos pelos moradores das regiões envolvidas. “Em todos os debates e audiências públicas sobre o tema, a população tem recusado a proposta de monotrilho e reafirmado sua opção pelo metrô”, relata Maurício Broinizi, coordenador da secretaria executiva do Movimento Nossa São Paulo.

Segundo ele, alguns motivos têm levado os moradores a rejeitar o novo modelo de transporte sugerido pelo poder público. “Primeiro, monotrilho não é metrô. Possui uma capacidade de transporte de passageiros menor”, pontua. Os governos estadual e municipal têm apresentado o monotrilho como um metrô leve ou um metrô de média capacidade de transporte. Segundo especialistas, a capacidade máxima do monotrilho é de 30 mil passageiros/hora por sentido. Nos horários de pico, a linha Leste-Oeste do metrô tem ultrapassado a marca de 80 mil pessoas/hora por sentido.

Outro problema apontado por Broinizi é o fato de o sistema necessitar de uma via elevada suspensa por pilares. “Esse tipo de construção degradará a região por onde passará”, prevê. Para o integrante do Movimento Nossa São Paulo, “o ideal é que o processo de implantação das linhas de monotrilho fosse todo paralisado e se promovesse um debate com a população para estudar alternativas ao modelo”.

No dia 20 de setembro, o Movimento Nossa São Paulo e a Comissão de Transporte da Câmara Municipal realizarão um seminário, onde representantes da sociedade civil e dos governos estadual e municipal discutirão propostas para um Plano Municipal de Transporte e Mobilidade Sustentável. O tema monotrilho, certamente, será um dos pontos abordados no evento.

Leia a reportagem Nossa São Paulo lança pesquisa Ibope sobre mobilidade no dia 16 e conheça a programação completa da Semana da Mobilidade, que se inicia nesta quinta-feira e vai até 22/9, o Dia Mundial Sem Carro.  

Serviço:

1ª Audiência pública sobre o impacto e a licença ambiental para a linha de monotrilho que ligará as regiões do Morumbi, Congonhas e Jabaquara
Data: próxima segunda-feira, dia 20 de setembro de 2010
Horário: 18 horas
Local: CEU PARAISÓPOLIS
Endereço: Rua Doutor José Augusto Souza e Silva, s/nº – Jardim Parque Morumbi

2ª Audiência pública sobre o impacto e a licença ambiental para a linha de monotrilho que ligará as regiões do Morumbi, Congonhas e Jabaquara
Data: 27 de setembro de 2010
Horário: 18 horas
Local: CEU CAMINHO DO MAR
Endereço: Rua Engenheiro Armando de Arruda Pereira, 5241 – Bairro Jabaquara.

 

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