“Mapa de homicídios mostra que zona norte de SP lidera taxa de assassinatos de jovens” – R7

 

Mortes de jovens na capital aumentaram de 567, em 2008, para 630 no ano passado
João Varella, do R7

A zona norte da cidade de São Paulo registrou a maior taxa de homicídio de jovens no ano passado, de acordo com dados da prefeitura organizados pela ONG Movimento Nossa São Paulo. As subprefeituras de Perus e Freguesia/Brasilândia foram as mais violentas com, respectivamente, 91 e 87 assassinatos por 100 mil habitantes entre 15 e 29 anos (veja o mapa abaixo).

O total de homicídios de jovens na capital cresceu em 2009 em relação ao ano anterior, de 567 (44 mortos em 100 mil habitantes) para 630 (50 mortos por 100 mil). Em números absolutos, a subprefeitura de M’Boi Mirim (zona sul) registrou maior quantidade de assassinatos (43) – em termos relativos, o índice foi de 65,27 por cem mil habitantes dessa faixa etária. A zona sul é a mais violenta em número total de homicídios de jovens, com 226 mortes registradas.

Os dados, referentes a 2009, são os mais recentes do Pro-Aim (Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade no Município de São Paulo) e da SMS (Secretaria Municipal de Saúde). Os cálculos da taxa de assassinatos consideram dados populacionais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados).

As regiões mais afastadas do centro sofrem mais com a violência. Para o pesquisador de segurança pública Guaracy Mingardi, integrante do Fórum de Segurança, o efetivo policial na região central é maior do que nas franjas da cidade.

– Nas classes altas, há claramente uma maior concentração de policiais. Fora isso, a periferia é enorme, e ela vai crescendo numa velocidade muito grande, ela tem uma urbanização muito fraca, o que aumenta a distância com a polícia.

O filósofo e professor da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) Marcelo Perrine, especializado em estudos de violência, diz que o tráfico de drogas tem relação com as mortes dos jovens. Ele pondera, contudo, que os consumidores não costumam ser as vítimas.

Em 2008, a zona norte dividiu com a sul as subprefeituras mais violentas: Casa Verde/Cachoeirinha, Jaçanã/Tremembé, Freguesia/Brasilândia, da zona norte, ao lado de Cidade Ademar, M’Boi Mirim e Campo Limpo, da zona sul.

Denis Mizne, diretor do Instituto Sou da Paz, comenta que a região norte vem se destacando negativamente há alguns anos. Para ele, uma possível explicação é a demora da população da área em organizar a comunidade. Sem pressão da sociedade civil, a região ficou com menos investimentos do poder público.

– A tradição de demandas de projetos para combater a violência sempre foi voltada para as zonas leste e sul. O olhar da cidade estava muito mais voltado para essas regiões.

O diretor da ONG ainda ressalta que a região é conhecida pela forte presença de facções de crime organizado.

O que diz o governo

A SSP (Secretaria de Segurança Pública) respondeu ao levantamento da ONG Nossa São Paulo com outros estudos. Em novembro de 2009, o Ministério da Justiça e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgaram, segundo a pasta, pesquisa que colocou São Paulo em 192º lugar em termos de violência contra jovens entre 266 cidades do Brasil com mais de 100 mil habitantes.

Segundo a secretaria, a cidade está na 151ª posição no Índice de Homicídios na Adolescência (entre 12 e 19 anos), segundo dados de 2006 da Secretaria Especial de Direitos Humanos, do governo federal. O levantamento considerou 267 municípios com mais de 100 mil habitantes.

Na outra ponta, as subprefeituras com menores taxas de violência juvenil são Vila Mariana (região sul), com 12 mortos para cada 100 mil habitantes, e Pinheiros (zona oeste), que registrou índice de 15.

O diretor do Instituto Sou da Paz diz ver com bons olhos a queda generalizada da violência revelada pela análise da série histórica, desde 2003. Nesse que é o ano mais antigo da série, São Paulo registrou 2.768 assassinatos, o que compunha um índice de 200 mortos por 100 mil habitantes. Ele pondera, contudo, que a taxa atual ainda está bastante alta, com 50 assassinados por 100 mil habitantes dessa faixa etária.

Para ele, as campanhas em prol do desarmamento, a melhora do trabalho da polícia, programas preventivos do poder público e o envelhecimento geral da população são fatores que ajudaram na queda dos números. A SSP destaca que houve queda de 70% no número de homicídios dolosos (com intenção de matar) na última década.

Compartilhe este artigo