“Água Branca inaugura áreas reformadas, mas obras ainda causam polêmica” – Veja São Paulo

 

Parque, em Perdizes, tem novidades e encrencas

Na última terça-feira (21), ao som do grupo de serenatas Trovadores Urbanos, a primeira-dama do estado e presidente do Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural (Fussesp), Deuzeni Goldman, inaugurou uma série de melhorias no Parque Doutor Fernando Costa, mais conhecido como Parque da Água Branca, localizado no bairro de Perdizes. Na cerimônia, foram apresentados alguns espaços revitalizados e o novo projeto de iluminação, que permitirá a extensão do seu horário de funcionamento. Ele passa a fechar não mais às 18 horas, mas às 22. Com isso, a administração espera um acréscimo no número de visitantes. Hoje, em torno de 40 000 pessoas passam por ali em fins de semana ensolarados.

Criado em 1929 pelo engenheiro-agrônomo Fernando de Souza Costa, então secretário estadual de Agricultura, o Parque da Água Branca nasceu com a vocação de ser um centro de pesquisa e estudos da agropecuária. Com a saída dali do Posto Zootécnico e do Recinto de Exposições de Animais, na década de 70, o local ficou reservado apenas para o lazer, ainda que as características rurais e alguns animais soltos — como galinhas, gansos e pavões — permaneçam por lá.

Foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) em 1996. Entre as novidades inauguradas na semana passada estão os 24 conjuntos de mesas e cadeiras do Espaço-Piquenique, que ganhou também pias para os usuários lavarem as mãos, além do palco e das 179 cadeiras do Espaço Cultural Tattersal, que passará a ter atividades com maior frequência. Pessoas mais velhas devem curtir as mudanças na Praça do Idoso, que conta com novos equipamentos de madeira para ginástica. Há ainda uma rampa de acesso para deficientes físicos.

Algumas das etapas da revitalização, que vai custar ao estado 12 milhões de reais, vêm causando polêmica. É o caso da Trilha do Pau-Brasil, que abriu um percurso para caminhada onde antes existia um emaranhado de galhos. “O local ficou seis anos sem contrato de jardinagem”, conta Deuzeni. “Quando limpamos, foram retiradas oito caçambas de entulho.” Frequentadores acusam a administração de cortar árvores sem autorização do Departamento de Parques e Áreas Verdes (Depave). “Quando as obras começaram, o projeto não estava aprovado”, afirma Cândida Meireles, coordenadora da Associação de Ambientalistas e Amigos do Parque da Água Branca (Assamapab).

O Ministério Público Estadual instaurou um inquérito para apurar as denúncias. De acordo com o promotor do Meio Ambiente Washington Luis de Assis, que cuida do caso, todas as acusações estão sendo analisadas, mas, no momento, não há obras paralisadas. “Não é do interesse de ninguém que a reforma, no estágio em que está, fique parada”, diz.

Outro motivo de celeuma é o Bosque das Palmeiras, que atualmente está cercado por tapumes. Nesse caso, a reclamação é de que as obras prejudicariam nascentes de água. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), no entanto, deu aval à reforma. “Temos autorização para tudo o que estamos fazendo aqui, e as árvores retiradas serão compensadas”, afirma José Antonio Teixeira, diretor do parque há dez anos. Mais reformas estão nos planos de Deuzeni, que diz ter pressa, já que seu ‘poder’ sobre o parque acaba junto com o mandato de seu marido, o governador Alberto Goldman, no dia 31 de dezembro. “Pretendo deixar tudo encaminhado para a próxima gestão”, promete a primeira-dama.

Confira: Abaixo-assinado em defesa do Parque da Água Branca

Compartilhe este artigo