Fundo visa alavancar empreendimentos que favoreçam o desenvolvimento da ZL

 

Em 29 de setembro, quarta-feira, às 10 horas, acontecerá na sede da Subprefeitura de São Miguel Paulista o lançamento de um inédito fundo de investimento, voltado a projetos empreendedores na Zona Leste da capital, abrangendo os bairros de Ermelino Matarazzo, Itaim Paulista e São Miguel. Na solenidade, será apresentada publicamente a Comunidade Zona Leste Sustenta — que constituiu o chamado Fundo ZL Sustentável, composto —, parceria entre Fundação Tide Setubal, Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Subprefeitura de São Miguel Paulista, Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul) e outras instituições, além de lideranças locais.

A Comunidade ZL Sustenta nasceu para promover ações que contribuam para o desenvolvimento sustentável daquela região da cidade. O Fundo é seu primeiro movimento, criado exatamente para captar e investir recursos em projetos que possam gerar opções de trabalho e renda socialmente mais justas e ambientalmente sustentáveis nos três bairros. A seleção de projetos ocorrerá por meio de editais. O primeiro deles começa a receber inscrições a partir de 1° de outubro.

Os recursos iniciais (um total de R$ 400 mil) serão destinados como fundo perdido e os projetos receberão apoio técnico. “O Fundo é voltado preferencialmente para empreendimentos com dificuldades em obter empréstimo em banco ou para quem que não tem acesso a crédito formal”, informa Paula Galeano, coordenadora geral da Fundação Tide Setubal. Maria Alice Setubal, presidente da instituição, explica: "A comunidade Zona Leste Sustenta vai ao encontro dos princípios de atuação da Fundação, que vê nas ações conjuntas e no investimento na própria comunidade caminhos para o desenvolvimento local".

Para Marcos Cintra, Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho da Prefeitura de São Paulo, o ZL Sustentável é inovador. “Não tenho conhecimento da existência de um Fundo privado como esse na capital paulista. Por suas características e pelo tipo de público que pretende atingir, buscando oportunidades e empreendedores, merece todo o apoio. Trata-se de um modelo a ser replicado.”

Milton Persoli, subprefeito de São Miguel Paulista, considera a iniciativa fundamental. “Nossa região sofre com a informalidade. Por exemplo: tenho um processo licitatório para um grande lote de compra de uniformes. Gostaria que empresas daqui pudessem concorrer, mas não há como. O Fundo as ajudará a se legalizarem e, devido às capacitações, elas ganharão competitividade no mercado.”

Inscrições abertas

No projeto que apresentarem, os candidatos devem oferecer contrapartidas econômicas e não econômicas, que serão avaliadas por especialistas no processo de seleção. No caso das econômicas, é preciso contar com recursos de, no mínimo, 30% do valor total solicitado. Mas não é necessário ser em dinheiro. Por exemplo: se o projeto está orçado em R$ 20 mil, o proponente pode listar equipamentos que já possui ou até suas horas de trabalho a serem empenhadas. A contrapartida não econômica inclui mão-de-obra de moradores e utilização de fornecedores locais.
Gabriel Ligabue, consultor da Fundação e responsável por desenhar os detalhes do funcionamento do Fundo, enfatiza que a idéia é dar sustentabilidade ao empreendimento, integrando-o na economia formal e local. “Mapeamos carências concretas da região para levar negócios adiante e passaremos a investir no potencial de atividades produtivas, buscando propostas de referência para comunidade”, conta. Micros e pequenos empreendedores do setor de produção de bens e/ou serviços poderão submeter seus projetos ao edital até o valor máximo de R$ 50 mil.

Ainda segundo o consultor, o tempo de duração pode ser variável: “uma pessoa que encontrou um ‘mapa da mina’ pode estimar que em seis meses obtenha o resultado pretendido para o aporte que será feito; outro concorrente pode prever que investirá o dinheiro solicitado ao longo de três anos”, diz Gabriel. De qualquer forma, todos os escolhidos serão sempre acompanhados e avaliados periodicamente.

No primeiro momento, o Fundo ZL Sustentável financiará duas modalidades de projetos: os que estimulem as cadeias produtivas locais, e os que promovam sustentabilidade ambiental. Em outras palavras, significa que serão priorizadas as propostas que favoreçam a cooperação entre os empreendedores da região (ao usarem insumos similares ou comprarem de fornecedores da Zona Leste, por exemplo). Ao mesmo tempo, tem mais chances as iniciativas que economizem matéria-prima na produção, inovem na utilização de energia ou, de alguma forma, colaborem com a reutilização de materiais.  

O financiamento contemplará desde cooperativas e microempresas até empreendimentos informais, além de propostas de organizações sociais que atuem com foco em geração de trabalho e renda. Cada candidato pode concorrer com apenas um projeto. As propostas deverão ser preenchidas no site do Fundo, www.zlsustenta.org.br. O prazo de submissão vai até 1° de novembro. A lista de contemplados sairá em 30 de novembro.

Diferenciais do Fundo

De acordo com Gabriel Ligabue, como o objetivo é desenvolver o território, os critérios de seleção vão além de itens econômicos. “Eles abrangem outros temas, como participação de mulheres e inclusão de jovens”, ressalta. Outro aspecto relevante diz respeito ao potencial de replicabilidade de conhecimentos, métodos e tecnologias.

Será considerada a capacidade de se associar com outras unidades de produção do território, colaborando com a construção de um arranjo produtivo local. Eis aí o principal diferencial do ZL Sustentável: a característica territorial (e não temática). “Ele prevê gestão local participativa”, destaca Gabriel. “No comitê gestor, há lideranças comunitárias que participarão da definição dos critérios de como o dinheiro deve ser aplicado.”

O Fundo permanece aberto, para receber investimentos da iniciativa privada, do poder público e da própria comunidade. Valem doações de empresas, pessoas físicas, micro empresários, tudo para que suas atividades ganhem continuidade ao longo do tempo. “O ZL Sustenta será tão mais forte e comunitário quanto mais gente o apoiar, não importando a quantia aplicada”, conclui o consultor. É possível que empresas contribuam se comprometendo em adquirir regularmente produtos e serviços dos projetos. Outra maneira de colaborar é uma pessoa física ou organização doar consultoria ou assessoria técnica aos empreendedores.

Parceiros capacitadores

O Fundo já tem uma frente de treinamento e capacitação para os selecionados. Unicsul e Sebrae são os principais responsáveis pelo apoio técnico. “Vamos acertar a nossa grade de atividades para os empreendedores financiados pelo Fundo, oferecendo diversas ferramentas de gestão”, comenta Ricardo Tortorella, superintendente do Sebrae.

A Unicsul atuará, principalmente, por meio de sua empresa júnior. “Temos procurado outros caminhos que vão agregar à iniciativa da Comunidade ZL Sustenta, como constituir um observatório de indicadores socioeconômicos e o projeto de uma incubadora de empresas na Universidade”, explica Renato Padovese, pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da universidade.

Como fase preparatória para o lançamento da iniciativa, a Fundação Tide Setubal, que fez o aporte inicial, mapeou as atividades produtivas locais a partir de dados das subprefeituras. Em seguida, os empreendedores tiveram de responder a um questionário, que tinha como objetivo verificar em qual estágio se encontravam suas iniciativas e qual seria a assessoria necessária para desenvolvê-las. “Dessa maneira, foi possível identificar as carências, criando um edital que considera as características da comunidade”, explica Gabriel Ligabue. Outro passo foi a realização, em parceria com Unicsul e Sebrae, de encontros de sensibilização com empreendedores locais para apresentar essa nova proposta para região. Com o lançamento do edital, haverá formações para elaboração de projetos.

A gestão do Fundo ocorrerá por meio de dois comitês: o financeiro e o programático. O primeiro está sob a responsabilidade da Fundep, órgão ligado à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O comitê programático é composto por representantes das seguintes instituições: Associação Comercial da Zona Leste, Fórum de Desenvolvimento Econômico da Zona Leste, Fundação Tide Setubal, Instituto Ethos, Sebrae, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho de São Paulo, Subprefeitura de São Miguel, Unicsul e USP Leste, além de lideranças locais, como Padre Ticão e Sacha Arcanjo. É o comitê programático que define as regras e coordena o processo de seleção dos projetos a serem financiados.

Lançamento da Comunidade Zona Leste Sustenta
Quando: 29 de setembro, quarta-feira, às 10 horas
Onde: Subprefeitura de São Miguel Paulista
R. Ana Flora Pinheiro de Souza,76  – São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo (SP)

Calendário do Edital
01/10 – Início das Inscrições
01/11 – Encerramento das Inscrições
30/11 – Avaliação e Divulgação dos Resultados
E-mail: informacoes@zlsustenta.org.br; site: www.zlsustenta.org.br; tel.: (11) 3168-3655

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