AE – Agência Estado
Para tentar diminuir a sensação de desordem na capital paulista e melhorar a eficiência dos serviços de zeladoria, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) já passou metade das chefias de subprefeituras de São Paulo para as mãos de oficiais da reserva da Polícia Militar (PM). Por enquanto, 14 dos 31 subprefeitos são coronéis aposentados e mais dois devem ser indicados para Guaianases e Vila Prudente, na zona leste.
Outros 17 oficiais são chefes de gabinete, braço direito dos subprefeitos, e 24 trabalham em posições de segundo escalão, como coordenadorias de planejamento e desenvolvimento urbano ou de projetos e obras. Ao todo, 54 oficiais aposentados trabalham nas subprefeituras. Contando as vagas em outras secretarias da administração municipal, os policiais já chegam a 78. Já há mais oficiais da reserva trabalhando na administração municipal que coronéis na ativa – são 61 atualmente na Polícia Militar em todo o Estado.
A estratégia de usar a mão de obra da PM na Prefeitura, que teve início em julho de 2008 com a indicação do coronel Rubens Casado para a Subprefeitura da Mooca, se disseminou rapidamente. Em um ano, o total de oficiais da reserva exercendo cargo de subprefeito se multiplicou por cinco e dobrou o número de policiais na máquina municipal. "São pessoas com excelente formação e com ampla vivência na gestão de grandes estruturas, que acabam se aposentando no auge da capacidade profissional", defende o comandante-geral da PM, coronel Álvaro Batista Camilo. "A parceria entre a Polícia Militar e a Prefeitura nunca esteve tão estreita."
”Zeladores”
As escolhas não foram aleatórias. Antes de se aposentar, os oficiais indicados por Kassab ocuparam alguns dos principais postos no comando da PM. Nas chefias das subprefeituras paulistanas estão três ex-comandantes dos bombeiros, um ex-chefe do Estado Maior, um ex-comandante da Academia do Barro Branco, a primeira mulher a ser promovida a coronel em São Paulo e ex-comandantes de litoral, interior e Policiamento Metropolitano. Algumas das principais subdivisões ficaram para os coronéis, incluindo Sé e Vila Mariana.
Esse grupo fardado, no entanto, ainda precisa adaptar-se a tarefas diferentes das que faziam. Com as subprefeituras esvaziadas, exercem mais o papel de zeladores de grandes regiões. E precisam lidar cotidianamente com as reclamações da população e com demandas políticas. A falta de jogo de cintura dos coronéis, no entanto, já tem provocado críticas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Debate
Pôr oficiais para cuidar de bairros é solução?
Marcel Solimeo
Sim
Todos os dias passam 2 milhões de pessoas pelo centro de São Paulo. É um contingente que precisa de segurança, são muitos estudantes, comerciantes e aposentados que se tornam alvo dos assaltantes. O aumento da presença da PM também foi fundamental para o comércio da região. Nosso consumidor hoje se sente seguro ao ver que os PMs estão por perto. E o assaltante ou infrator se sente acuado com a presença dos soldados. Com oficiais no comando da zeladoria dos bairros, essa postura pode se disseminar.
SUPERINTENDENTE DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO
Maurício Broinizi
Não
Criadas no Plano Diretor de 2002, as subprefeituras foram pensadas como indutoras de uma cidade policêntrica, com administrações mais próximas dos moradores, planos diretores regionais e conselhos de representantes eleitos pela população local. Esse conceito se perdeu ao longo dos anos e a administração voltou a se centralizar. As "subs" chegam hoje a ter menos importância do que as antigas administrações regionais. A escolha dos coronéis deve ser entendida nesse contexto: é uma solução artificial para cumprir o papel equivocado que as subs assumiram na estrutura municipal.
COORDENADOR DA REDE NOSSA SÃO PAULO