Além da falta de um transporte coletivo confiável e confortável e dos estímulos dados pelo governo federal para a compra de carros novos, o professor de engenharia de trânsito Creso de Franco Peixoto, da Fundação Educacional Inaciana (FEI), diz que o crescimento da frota de veículos da capital também se deve à falta de uma política de retirada de circulação dos veículos mais antigos.
Segundo Peixoto, são justamente os veículos mais antigos que poluem mais. “Um carro dos anos 1980 emite 15 vezes mais poluentes que um dos anos 1990”, diz ele. Há duas décadas, o catalizador – peça que diminui a emissão dos poluentes – não era item obrigatório nos automóveis.
O professor diz que a discussão deveria ser a cerca de mudanças na lei. “O carro que vale R$ 2 mil não pode rodar com R$ 20 mil em dívidas. Ele deveria ser expropriado e, em um prazo de 15 dias, ir para o compressor. No Japão é assim e funciona”, argumenta.
Fora isso, ele defende um controle maior das motos, que se apresentam como uma forma atrativa de escapar do congestionamento – e estão envolvidas em acidentes de maior gravidade.
Outro especialista, o mestre em engenheiro de trânsito pela USP Sergio Ejzemberg, diz que o que ocorre hoje “é quase uma desobediência civil” ao descrever as abstenções à vistoria. Ele diz que os critérios estabelecidos pelo poder público podem contribuir para o cenário. “Um carro relativamente novo pode não passar. Aí o motorista vê um ‘pau velho’ do lado ser inspecionado e passar”, diz, ao explicar que há variações entre os níveis de emissão de poluentes aceitáveis de acordo com o ano e modelo do veículo. “Esse tipo de inspeção, tal como é feita, fere o bom senso”, completa.
Ambos os especialistas, porém, defendem que os carros passem por algum tipo de inspeção ambiental.