Em 2009, 385 pessoas morreram na região, conforme dados recém atualizados no Observatório Cidadão do Movimento Nossa São Paulo. Em toda a cidade o número foi de 8.169 mortes
Airton Goes airton@isps.org.br
A região da Mooca teve o maior número de mortes por doenças do aparelho respiratório entre as 31 subprefeituras da capital paulista, em 2009 – foram 385, o que representa 129,49 óbitos a cada cem mil habitantes. Esta é uma das várias informações relacionadas à saúde dos paulistanos atualizadas recentemente no Observatório Cidadão do Movimento Nossa São Paulo.
De acordo com os dados que têm como fonte a Secretaria Municipal de Saúde, as regiões de Santana/Tucuruvi e Lapa se situam logo abaixo da Mooca neste ranking negativo. O índice de Santana/Tucuruvi foi de 124,62 por cem mil habitantes, o que significou a morte de 380 pessoas no ano passado. Na Lapa o índice ficou em 114,63 (305 mortes).
A mortalidade por doenças do aparelho respiratório é um dos poucos indicadores em que as subprefeituras situadas na periferia apresentam situação melhor que os bairros mais nobres e, mesmo, em relação à média da cidade, que é de 74,27 por cem mil habitantes. Campo Limpo, na borda da Zona Sul, registrou o menor índice: 42,22, com 246 mortes. Cidade Tiradentes, com 43,75 (95 mortes), e Guaianases, com 45,76 (134 mortes), parecem logo a seguir. Ambas ficam no extremo Leste do município.
Na cidade toda, 8.169 paulistanos morreram no período em função do problema que, segundo especialistas, afeta mais aos idosos e está relacionado à concentração de poluentes na atmosfera e falta de áreas verdes e arborização. Não por acaso, as medições da Companhia de Saneamento Ambiental do Estado (Cetesb) revelam que a Mooca é o bairro de pior ar em São Paulo. No final do mês passado, a área registrou o maior nível de poluição entre as 40 regiões do Estado monitoradas pela empresa, incluindo a perímetro industrial de Cubatão.
O nível de ozônio na Mooca chegou a 203, enquanto o recomendado é que não ultrapasse 101. Além de poucas árvores – uma das características mais marcantes da região -, o bairro fica ao lado da Radial Leste, uma das avenidas de maior trânsito da metrópole.
Embora a Cetesb tenha registrado como inadequada a qualidade do ar na Mooca e em outras regiões da cidade neste inverno, que tem sido marcado pela baixa umidade do ar em São Paulo, o problema pode ser maior ainda. Notícias divulgadas pela imprensa esta semana afirmam que a cidade utiliza padrão frouxo para medir a poluição.
Segundo estas informações, os parâmetros usados para classificar a qualidade do ar na capital paulista estão defasados e são mais brandos do que os da Organização Mundial da Saúde (OMS). Pelos critérios adotados pelos EUA e pela Europa, as classificações do ar de São Paulo seriam bem piores do que os divulgados pela Cetesb. A própria empresa já discute adotar índices mais rigorosos em suas avaliações.
O problema da poluição, agravado pela baixa umidade do ar verificada este ano, pode aumentar o índice de mortalidade por doenças do aparelho respiratório. Os dados completos de 2010, entretanto, só estarão disponíveis em meados do próximo ano, quando a Secretaria Municipal de Saúde deverá atualizar os números do período.