“Reino Unido quer criar índice de felicidade” – Folha de S.Paulo

 

Governo britânico anuncia planos para medir o grau de satisfação das pessoas

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

O que faz você feliz? Dinheiro, emprego, saúde, bom relacionamento com amigos e parentes, sensação de que vive num lugar seguro, atividades culturais, meio ambiente preservado…
O governo britânico quer saber. Criará um índice que tentará mostrar se o povo está mais ou menos feliz.

Ontem, foi lançada uma consulta pública para definir como fazer uma pesquisa para medir o grau de felicidade.

As perguntas do primeiro parágrafo deste texto estão todas na consulta pública.

"Queremos desenvolver parâmetros baseados no que as pessoas vão dizer sobre o que é importante para elas", afirma Jil Matheson, um dos responsáveis pela pesquisa.

Uma vez definida a metodologia, a intenção é ter um índice trimestral, a ser divulgado junto com o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), que é o conjunto de riquezas de um país.

Saberemos se o britânico está mais rico ou pobre, mas também se está mais ou menos feliz. E até que ponto um dado influencia o outro.

Haverá divisões por idade, local de moradia, grau de instrução etc.

A ideia não é inédita. Foi sugerida pelo Nobel de Economia Joseph Stiglitz, que diz que os países precisam colocar menos ênfase em números de indústria e comércio e mais no efeito que isso provoca na sociedade.

França e Canadá também estudam seu índice da felicidade. Antes disso, nos anos 70, o Butão, reino budista na Ásia, criou o índice de Felicidade Interna Bruta, em substituição ao PIB.

No Brasil, tramita no Congresso uma proposta de emenda constitucional criando o direito à felicidade, do senador Cristovam Buarque (PDT-DF).

Dentro do governo britânico, havia discordância se o ano que vem seria um bom momento para lançar um índice como esse.

Será o ano em que os cortes no Orçamento federal começarão a ser sentidos.

Mas o primeiro-ministro, David Cameron, insistiu. Ele já falava de um índice mesmo antes de tomar posse, no início de maio.

O governo diz que os dados serão usados até para nortear investimentos ou futuros cortes, se necessários.

A questão será saber se você corta dos mais felizes ou aprofunda a tristeza dos desafortunados.

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