“Com investimento, Brasil pode ter energia 93% renovável” – Folha de S.Paulo

 

DO ENVIADO A CANCÚN

A matriz energética brasileira pode se tornar 93% renovável em 2050 se o governo tomar as decisões de investimento corretas. A conclusão é de um relatório elaborado pelo Greenpeace e divulgado ontem em Cancún.

Segundo o documento, intitulado "Revolução Energética", o país pode eliminar as usinas a óleo e a carvão da matriz, economizando pelo menos R$ 100 bilhões no período ao adotar ações de eficiência energética.

O Brasil tem hoje a matriz energética mais limpa do mundo, gerando 84% de sua eletricidade por meio de usinas hidrelétricas, que emitem pouco gás carbônico.

O problema é que essa matriz tem ficado cada vez menos limpa. Na última década, o governo tem investido em novas térmicas a óleo e gás natural, e planeja para 2030 aumentar ainda mais a participação dessas fontes.

Usando dados do plano energético nacional para 2030 e extrapolando-o para 2050, o Greenpeace estimou que, se nada for feito, a participação das hidrelétricas na matriz cairá para 56,3%. O gás natural vai de 4,4% para 16%, e a energia nuclear, de 2,79% para 5,31%.

"O governo vai construir hidrelétricas na Amazônia até onde for possível, depois vai usar combustíveis fósseis e nuclear", diz Ricardo Baitelo, do Greenpeace, autor principal do relatório.

No cenário proposto pela ONG, as hidrelétricas caem ainda mais, para 46% em 2050 -mas são substituídas por um aumento expressivo do parque eólico (que ocuparia 20% da matriz) e das usinas de biomassa (16,6%).

Segundo Baitelo, o Brasil deveria se concentrar na energia dos ventos, que está mais competitiva: o preço do megawatt eólico nos leilões de energia mais recentes tem ficado em torno de R$ 130. É mais do que os cerca de R$ 80 da hidrelétrica de Belo Monte, mas menos do que certas usinas térmicas. (CA)

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