“Maioria é favorável à Ficha Limpa, diz pesquisa” – Folha de S.Paulo

 

FGV mostra que 45% dos entrevistados não souberam indicar fato marcante nas eleições

FREDERICO VASCONCELOS
DE SÃO PAULO

A grande maioria dos brasileiros é favorável à aplicação imediata da Lei da Ficha Limpa, revela sondagem de opinião pública feita pela FGV Direito-Rio na semana seguinte às eleições.

"Trata-se de um imperativo moral, semelhante às Diretas Já", diz Joaquim Falcão, professor de direito constitucional da FGV Direito-Rio.

"A Ficha Limpa é uma determinação do eleitor, não depende de partidos, do Congresso, nem das disputas do Supremo", diz Falcão.

Foram entrevistados por telefone, entre os dias 5 e 9 de novembro, 1.300 pessoas, numa amostra com base nos parâmetros da Pnad 2009 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).
A maioria dos brasileiros acompanhou as eleições pela televisão, mas não houve um tema forte que direcionasse os debates: 45% dos entrevistados, por exemplo, não souberam indicar uma notícia ou fato marcante.

A disputa Dilma/Serra teve 15% das menções; corrupção e compra de votos, 9%; aborto, 4%. A Lei da Ficha Limpa foi citada espontaneamente por apenas 1%.

Quanto maior a renda e a escolaridade, maior o conhecimento e a aprovação da Ficha Limpa. A maior parte levou em conta a lei ao escolher o candidato. Mas a maioria (66%) não soube identificar um político "ficha-suja".

Os mais citados foram Paulo Maluf (9% das menções), Jader Barbalho (4%) e Joaquim Roriz (3%).

A mídia não é a instituição em que o brasileiro deposita mais confiança para fiscalizar as eleições. Pela ordem, são citados o Ministério Público (40%), o Judiciário (31%) e os próprios eleitores (27%). A mídia aparece em nono lugar, com apenas 3%.

"A população confia e acredita na Justiça, por descrença em outras instituições", afirma a pesquisadora Luci Oliveira.

"Como o juiz não é eleito, parece mais distante dos interesses político-partidários. Mas a maioria da população confia pouco na capacidade de o Poder Judiciário resistir a pressões e influências dos políticos", diz ela.

A Justiça Eleitoral é mais bem avaliada pela população do que a Justiça comum.

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