Principal questionamento é reforma em pergolado sem aval do Conpresp
Polêmica se arrasta desde junho; moradores da região temem que o parque seja totalmente descaracterizado
JAMES CIMINO
DE SÃO PAULO
A polêmica envolvendo a reforma do parque da Água Branca (zona oeste de SP) ganhou um novo capítulo.
Ontem, o promotor do Meio Ambiente Washington Luis Lincoln de Assis fez um pedido de liminar para suspender todas as obras existentes no parque, que incluem a reforma dos pergolados, a construção de uma praça de alimentação, de uma ponte e de um deque no bosque das palmeiras.
De acordo com a ação assinada pelo promotor, há diversas irregularidades na execução do projeto.
A principal delas, segundo o documento, é o início da obra de restauração dos dois pergolados (estruturas vazadas onde normalmente se cultivam trepadeiras) existentes no parque sem autorização do Conpresp (órgão de patrimônio municipal).
Já os gestores do parque dizem que as obras só começarão após essa autorização.
O projeto, assinado pelo arquiteto Daniel Alexandre Massi Cardelli e já aprovado pelo Condephaat (o órgão de patrimônio estadual, que também tombou o parque), prevê um rebaixamento de 40 centímetros no piso do pergolado para construção de um pequeno anfiteatro.
Haverá também a substituição de estruturas, iluminação nova, substituição da estrutura das cúpulas, entre outras modificações.
Além das melhorias trazidas pelas obras, que começaram em maio, frequentadores também se animaram com o novo horário de fechamento do parque, que passou das 18h para 22h. Contudo, Promotoria e associações de moradores temeram que a série de mudanças descaracterize o parque tombado.
Para a arquiteta Maria Laura Zei, presidente da Assampalba (Associação de Amigos e Moradores pela Preservação do Alto da Lapa e Bela Aliança), o projeto muda o uso do pergolado.
"Vai ser modificada a estrutura, vão aumentar a área impermeável e querem cobrir com policarbonato. Pergolado não é para ter cobertura, é uma estrutura vazada por causa da vegetação."
Fora isso, a comunidade, assim como a Promotoria, questiona o preço da obra: R$ 2,6 milhões.
"Não há necessidade dessa obra do anfiteatro. E o bem tombado só pode ser restaurado, não pode ter sua finalidade modificada. O custo dessa obra é altíssimo", diz o promotor do Meio Ambiente, que também aponta pouco detalhamento no projeto.
A ação pede ainda que volte a seu estado original a atual trilha do Pau Brasil, construída no parque sob supervisão do Fussesp (Fundo de Desenvolvimento Social e Cultural do Estado de SP), presidido pela primeira-dama do Estado, Deuzeni Goldman.
Segundo a Promotoria, houve remoção indevida de vegetação original. "Exemplares foram erradicados sem autorização, do mesmo modo que praticamente toda a vegetação rasteira do parque desde abril até hoje."
REFORMA NECESSÁRIA
Na época em que as obras começaram, no entanto, a primeira-dama defendeu que o parque estava abandonado e carecia de reformas.
Segundo o Fussesp, uma pesquisa Ibope indica que 88% dos frequentadores do parque são favoráveis às reformas e revitalizações.