“Moradores pedem mudança na travessia da Consolação, em São Paulo” – Folha.com

 

JAMES CIMINO
DE SÃO PAULO

Os moradores da região da Consolação querem atravessar a rua de uma vez só, em linha reta e sem ter que correr. Por isso, elaboraram um plano pedindo que todos os cruzamentos dessa rua na região central sejam remodelados.

A proposta ganhou a apoio da Promotoria de Habitação e Urbanismo do Estado e até a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) já encaminhou à Subprefeitura da Sé a ideia dos moradores de transformar o canteiro entre as ruas Caio Prado e Dona Antônia de Queirós em um bulevar para que as pessoas possam se deslocar mesmo quando estiverem impedidas de atravessar a via.

O movimento, chamado Pedestre Primeiro, foi criado a partir de uma reportagem publicada pela Folha em maio deste ano que relatava que os paulistanos têm, em média, 15 segundos para atravessar a rua.

"Quase todos os cruzamentos são feitos de forma a penalizar o pedestre, que têm de andar mais e esperar mais para se locomover", diz a psicóloga Cássia Fellet, uma das integrantes do movimento.

O promotor José Carlos de Freitas abriu inquérito para investigar os procedimentos da CET ao projetar as ruas. "Se for constatado que a companhia privilegia o carro, podemos exigir que a rua seja reprojetada de forma a privilegiar o pedestre, conforme garante o Contran [Conselho Nacional de Trânsito]."

A Folha pediu que o especialista em educação para o trânsito Eduardo Biavati analisasse todos os cruzamentos da Consolação, entre a Paulista e a Caio Prado, e indicasse seus problemas.

Para ele, nem todos apresentam falhas, mas o mais críticos são: Dona Antônia de Queirós, Caio Prado e Matias Aires/Maceió.

Durante o trajeto, o especialista avaliou ser visível o privilégio aos carros. "Deve-se equacionar as necessidades de todos, mas, na equação da CET, a linha reta ficou com o carro."

OUTRO LADO

Questionada pela Promotoria, a CET enviou ao órgão uma análise técnica em que justifica o tempo de 15 segundos no cruzamento da Consolação com a Dona Antônia de Queirós, o mais problemático para os moradores.

A companhia diz que a travessia descontínua foi feita com base em pesquisa que diz que 70% dos que atravessam aquele trecho têm como destino o ponto de ônibus do canteiro central.

De acordo com o documento, o tempo de travessia é calculado levando-se em conta que um pedestre se movimenta a uma velocidade média de 1,2 m/s.

O promotor discorda do cálculo. "Temos que considerar que há crianças, idosos e pessoas com deficiência. A cidade não pode ser projetada levando-se em conta apenas o atleta e o carro."

Por fim, a análise da CET diz que, caso o tempo de travessia fosse aumentado, em linha reta e de uma só vez, as filas de ônibus nas av. Rebouças, Dr. Arnaldo e Ipiranga aumentariam em 360 m.

 

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