Para tentar se proteger, população também apela a cachorros (9,4%) e a cerca eletrificada, muros e arame farpado (18%)
Felipe Werneck e Luciana Nunes Leal – O Estado de S.Paulo
Mais de um terço (35,7%) dos domicílios têm grades no País. Trata-se do dispositivo de segurança mais usado pelos brasileiros. Em seguida vêm olho mágico, corrente no trinco da porta ou interfone, presentes em um em cada cinco (20,4%) lares. Cerca eletrificada, muro com mais de 2 metros ou arame farpado estão em 18,8% dos domicílios, assim como fechaduras extras e barras contra arrombamento (18,4%). Os cães protegem 9,4% das residências. Nas últimas duas décadas, as vítimas de roubos ou furtos cresceram 37%, diz o IBGE.
"A combinação de insegurança com falta de serviços públicos generalizados de segurança acaba desfavorecendo mais aqueles que não têm recursos próprios para adotarem medidas preventivas", diz o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes. Segurança privada e/ou cancela foi a opção em 6,7% dos domicílios brasileiros e as câmeras de vídeo chegaram a 4,2% dos imóveis.
A pesquisa mostra que 34,8 milhões de domicílios (59,4% do total) usavam pelo menos um dispositivo de segurança. Essa proporção chegou a 64,9% das residências em áreas urbanas, ante 28,5% em áreas rurais. O IBGE também calculou as diferenças entre casas e apartamentos. Nas casas, 56% tinham algum dispositivo instalado, com destaque para grade (35,6%). Já nos apartamentos a proporção chegou a 90%, com maior participação de segurança privada e/ou cancela (73,9%). Dos 58,6 milhões de domicílios, 89,2% são casas.
Roubos e furtos. Entre 1988 e 2009, a proporção de brasileiros de 10 anos ou mais de idade que sofreram roubo ou furto cresceu de 5,4% do total nessa faixa etária para 7,4% – um aumento de 37%. Entre setembro de 2008 e o mesmo mês de 2009, período investigado na última pesquisa, 11,9 milhões de brasileiros foram alvo dos mesmos crimes. Casos de furto foram declarados por 6,4 milhões de pessoas – e 6 milhões contaram terem sido roubadas. Cerca de 500 mil pessoas foram vítimas dos dois crimes.
"O Brasil de 1988 para cá passou por crises sucessivas, viveu momentos de crescimento do desemprego, a taxa de urbanização aumentou de 71% para 84%. Quando a população se urbaniza, aumentam as dificuldades de vida, surgem novas práticas de violência. As regiões metropolitanas brasileiras são periféricas, menos policiadas e menos assistidas em serviços públicos. Ao mesmo tempo, concentram a população desfavorecida, que não tem como se precaver contra a violência", diz o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, ao comentar roubos e furtos.
Quanto maior a renda, maior a proporção de vítimas desses crimes. Os roubos foram concentrados em vias públicas (70,5% dos casos). Já os furtos ocorreram mais em residências (47,6%). Telefone celular e dinheiro, cartão de débito ou de crédito ou cheque foram os principais alvos de roubo.