“Carros em São Paulo andam como carroças” – Gazeta do Povo

 

São Paulo tem problemas de mobilidade proporcionais ao porte de sua população de 11,2 mi­­lhões de habitantes e, principalmente, da sua frota de veículos (6,9 milhões). Os analistas de trânsito chamam esse fenômeno de “individualização dos transportes”, cenário caracterizado pelo excesso de veículos nas ruas e pelos congestionamentos. Tanto que, hoje, a velocidade mé­­dia de deslocamento na maior cidade brasileira é de 16 km/h, a mesma de uma carroça.

A principal explicação para a lentidão está no desenvolvimento vagaroso da rede de transportes coletivos – ônibus, lotação, trem e metrô. Na capital paulista, a proporção da população que usa esses meios é de apenas 36%, a mesma de 20 anos atrás, de acordo com a Companhia do Metro­­politano de São Paulo (Me­­trô). Em Barcelona, cidade considerada modelo, o porcentual atinge 70%. “Sofremos de uma histórica falta de investimentos nos modais coletivos. Hoje, pagamos o preço caro da ilusão da ‘sociedade do automóvel’”, cri­­tica Maurí­­cio Broinizi, coor­­de­­­­nador da Rede Nossa São Paulo, instituição de defesa de direitos civis.

Medidas coercitivas (restrição de tráfego de caminhões e fiscalização por radares), associadas a um novo trecho do ro­­doanel e a novas estações do me­­trô, reduziram a média de congestionamento nos horários de pico para 99,3 quilômetros em 2010. O nú­­mero ficou abaixo dos 100 quilômetros pela primeira vez desde 2007. Apesar de melhorias para o trânsito no curto prazo, as me­­didas restritivas são consideradas insuficientes por analistas. Há necessidade de um conjunto de medidas de curto, médio e longo prazo para mudar a situação. A proposta de Broini­­zi, junto com outras organizações da sociedade civil, está em um documento chamado “Plano de Mobilidade e Trans­­porte Sus­­tentável”, já aprovado pela Comissão de Finanças e Orça­­mento da Câmara de Vereadores paulistana. O plano de ação pede mais agilidade na construção do metrô e de uma série de corredores expressos de ônibus (BRTs). Além de medidas para desconcentrar o tráfego.

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