Transtornos são graves na região próxima ao shopping Bourbon e ao estádio Palestra Itália
O plano definitivo da prefeitura, a construção de duas galerias, em vez do piscinão planejado, ainda não saiu do papel
EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO
VANESSA CORREA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Uma região da Pompeia (zona oeste) próxima ao Bourbon Shopping e ao estádio Palestra Itália fica submersa a cada 17 dias no verão, com transtornos graves, como carros boiando.
O levantamento da Folha, a partir da dados do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), considerou só registros em que o local encheu até ficar intransitável.
Apenas nestes casos, trechos ficaram mais de 13 horas submersos no verão passado e neste início de estação. Considerando-se só janeiro de 2010, foi um caso a cada 6 dias. Neste ano, ocorreu pela primeira vez nas chuvas de anteontem.
Por volta das 19h30, uma cena já conhecida por Maria Lívia Spinello, 56, se repetiu.
Uma pancada de chuva de verão caiu e, menos de 20 minutos depois, a água começava a invadir sua casa.
"Sempre teve enchente, mas está piorando cada vez mais", diz ela, que vive ali desde que nasceu e desde sempre observa o problema.
O principal fator é o relevo -a área fica em uma baixada. Quando a Folha chegou ao local, a veterana de enchentes botava para fora freezer e sofá estragados pela gua que subiu mais de 1 m, segundo marcas na porta.
A praça Marrey Júnior, a rua Turiaçu e o cruzamento das av. Francisco Matarazzo e Pompeia são as campeãs de alagamento na zona oeste desde dezembro de 2009.
Moradores culpam a construção do shopping pelo agravamento do problema.
Com o aumento de áreas impermeabilizadas na região -causado também por outras construções-, a chuva não tem para onde escoar.
O empreendimento diz que construiu dois reservatórios em seu terreno, suficientes para conter ao menos a água que cai sobre o edifício.
O plano definitivo da prefeitura para a região da Pompeia, a construção de duas galerias, está ainda no papel.
Havia a intenção de construir um piscinão. A decisão está descartada, diz a prefeitura: "Estudos minuciosos foram feitos. A melhor solução técnica e de custo encontrada para a área é a construção de uma galeria para o córrego da Água Preta e de outra para o córrego Sumaré".
Ali perto houve a primeira morte do ano por alagamentos na capital. Bombeiros acharam um morador de rua com sinais de afogamento.
A Subprefeitura da Lapa, onde está a Pompeia, é a que mais recebe pedidos de poda e remoção de árvores.
Na chuva forte de quarta, ao menos sete caíram. A remoção de uma delas havia sido pedida pelos moradores em março. A prefeitura investiga por que isso não ocorreu.