“São Paulo tem piora na qualidade do ar” – Jornal da Tarde

 

Afra Balazina

O número de vezes em que a qualidade do ar ficou imprópria na região metropolitana de São Paulo aumentou 76% em 2010, na comparação com 2008. As estações de medição da qualidade do ar indicaram que os níveis de poluição para ozônio estiveram acima do padrão aceitável 257 vezes – sendo que em 54 delas chegou-se ao estado de atenção. Esse poluente é hoje o mais preocupante do Estado.

Em 2009, foram 201 vezes em que a poluição ficou alta na região (com 43 estados de atenção) e, em 2008, foram 146 ultrapassagens do padrão (39 estados de atenção). Em um único dia pode ocorrer de mais de uma estação ficar com qualidade ruim. No ano passado, por 61 dias o ar ficou impróprio – 19,6% mais dias poluídos do que 2008, que teve 51 dias.

O Parque Ibirapuera liderou a lista das estações com maior poluição em 2010: em 49 vezes teve ozônio acima do recomendado. Por sua formação estar relacionada a outros compostos e depender muito das condições meteorológicas, este poluente é mais difícil de ser controlado. Dias bonitos, com muito sol e céu claro, são os piores em ozônio.

Causas

Para a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), responsável pelas estações de medição, a grande estiagem, principalmente em agosto do ano passado, contribuiu para a piora da qualidade do ar. A chuva e o vento ajudam a dispersar os poluentes. Já 2009 teve muita chuva. Segundo Maria Helena Martins, gerente da Divisão de Qualidade do Ar da Cetesb, aquele foi um ano “atípico”.

Apesar de a inspeção veicular ter começado em 2008, foi só no ano passado que se tornou obrigatória para todos os veículos. Enquanto isso, no mesmo período, a frota de veículos aumentou . Segundo o Departamento Estadual de Trânsito (Detran), em novembro de 2008 havia 6,3 milhões de veículos na capital. Em novembro de 2010, eram 6,9 milhões (aumento de 9,5%). No Estado, o número passou de 18,8 milhões para 21,4 milhões – alta de 13,8%.

“É preciso avançar nos programas de controle da poluição, não dá para depender da meteorologia”, diz Carlos Komatsu, gerente do departamento de Qualidade Ambiental da Cetesb. Ele ressalta que não se chegou nenhuma vez ao estado de alerta em 2010, mas que há muito a ser feito. “É preciso ter uma redução muito significativa da frota para fazer diferença”, diz, salientando a necessidade de investir em transporte público.

Na opinião do médico Paulo Saldiva, do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, a piora da qualidade do ar era esperada, pelo aumento da frota. Para resolver o problema, afirma ele, será preciso adotar medidas “doídas e impopulares”, como o pedágio urbano e a redução de faixas para carros para a inclusão de ciclofaixas.

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