Prefeito colocou novamente culpa na "natureza" pelos transtornos ocorridos
Camilla Rigi, do R7
Após uma noite de chuvas, que terminou com pelo menos duas mortes na capital paulista, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) afirmou, no final da manhã desta terça-feira (11), que a cidade de São Paulo deverá ter, em breve, um plano diretor para as áreas de risco. Segundo Kassab, esse plano será feito pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano a partir da análise do mapa das áreas de risco.
A afirmação foi feita durante entrevista coletiva na região da Liberdade, centro da capital paulista, sobre o carnaval 2011 de São Paulo. De acordo com o próprio prefeito, porém, esse trabalho de planejamento terá eficácia apenas a médio ou longo prazo.
Questionado pela reportagem sobre qual a justificativa para a chuva que atingiu a cidade, na noite da segunda-feira (10), ter causado tantos problemas, o prefeito colocou – pelo segundo ano consecutivo – a culpa na intensidade da chuva. Ele disse que o volume de chuva na cidade desde o início do mês foi muito grande, atingindo 93% da média esperada para janeiro. Segundo Kassab, a prefeitura tem feito “muitos investimentos para atenuar os problemas” causados pela chuva na capital paulista.
– A cidade e o poder público têm dado o máximo de si.
Em 2010, quando dezenas de pessoas morreram e a cidade viveu dias de caos, Kassab também culpou o grande volume de chuvas e o crescimento desordenado da cidade pela tragédia.
Segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), na segunda-feira (10), a cidade registrou um volume médio acumulado de chuva de 52 mm. As regiões que registraram chuva mais forte foram a Bela Cintra, com 88,8 mm; a Lapa, com 83,6 mm e Santana, como 70,5 mm. No acumulado dos dez primeiros dias deste mês, São Paulo já atingiu um volume acumulado de 204 mm. A média esperada para todo o mês de janeiro é de 239 mm.
A cidade de São Paulo amanheceu debaixo d’água nesta terça-feira. A chuva intensa “travou” o trânsito no início do dia. A marginal Tietê ficou em estado de alerta, segundo o CGE, por causa dos diversos pontos de alagamento provocados pelo transbordamento do rio Tietê. Entre a noite da segunda-feira e a manhã desta terça, o centro registrou 120 pontos de alagamento na cidade. A situação nas estradas do Estado também ficou complicada. Na rodovia Anhanguera, parte de um talude deslizou sobre a pista na altura do km 19. Trem e Metrô operaram com restrições. Em todo o Estado, pelo menos sete pessoas morreram.
Bueiros
Gilberto Kassab disse ainda que todos os bueiros da cidade foram limpos antes do início do período das chuvas e pediu para a população cooperar, não colocando lixo na rua nos horários em que não há coleta para evitar o entupimentos dos bueiros. Nas palavras do prefeito, 15 mil homens trabalham na limpeza das ruas da cidade nesta manhã.
Piscinões
Sobre os piscinões, o prefeito afirmou que as estruturas corresponderam às expectativas da administração municipal e ajudaram “para que as consequências” das chuvas não fossem ainda mais graves. Ele citou o caso da bacia do Pirajussara, que foi inaugurada no ano passado. Naquela região, de acordo com Kassab, o volume de chuva está aquém da capacidade do piscinão.
– Me perguntam [sic] se nunca mais vai ter alagamento na região do Pirajussara. O que a gente sabe é que, se não ultrapassar a capacidade do piscinão, não haverá problema.
O prefeito afirmou que a prioridade deste ano será investir em córregos da zona sul da cidade que apresentaram problemas nos últimos tempos.
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