Novo supercomputador do Inpe é um dos cinco mais rápidos do mundo
Previsões de temporais com detalhamento maior serão feitas a partir do próximo verão, segundo o órgão
GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO
FÁBIO AMATO
DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
A previsão de grandes temporais e eventos climáticos extremos ficará mais precisa no próximo verão devido à operação de um novo supercomputador, afirmou o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Há duas semanas, a instituição inaugurou o Tupã, um supercomputador capaz de fazer 258 trilhões de cálculos por segundo. Só EUA, Rússia, China e Alemanha têm máquinas mais rápidas hoje.
Com o Tupã, que fica em Cachoeira Paulista (SP) e custou R$ 50 milhões, será possível monitorar com precisão áreas de até 3 km, o que vai permitir dizer com muito mais detalhes quando -e o quanto- vai chover.
"É um salto de qualidade muito grande. Com o supercomputador, nós conseguiremos rodar modelos de previsão bem melhores ", afirmou Marcelo Seluchi, meteorologista do Inpe.
Embora o supercomputador vá trazer mais detalhes às previsões, o Inpe já possui um sistema de monitoramento meteorológico capaz de antecipar chuvas com uma boa margem de segurança.
INTEGRAÇÃO
O que falta, agora, é integrar as ações do poder público ao material, avaliam os cientistas do instituto.
"O Brasil já tem uma boa tecnologia de previsão. Agora é preciso que o poder público encontre uma maneira de usar isso para evitar tragédias", afirmou José Marengo, pesquisador do Inpe.
Os órgãos responsáveis por enviar alertas meteorológicos afirmam que avisaram sobre as fortes chuvas com antecedência, mas seus boletins são genéricos.
Nem o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) nem o Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos) especificaram as cidades que poderiam ser atingidas e o volume de chuva.
No Cptec, dez meteorologistas trabalham das 6h à meia-noite.
Todos os dias pela manhã, a equipe analisa imagens de satélite e dados atmosféricos para fazer a previsão para até sete dias. Os meteorologistas identificam as regiões com risco de tempestade em até 72 horas e produzem, então, o aviso aos Estados.