Policiais dispersaram multidão com balas de borracha, enquanto manifestantes atacavam cabine de vigilância
PM calcula em 700 o número de pessoas durante o protesto; quatro foram detidos por arremessar pedras
DIOGO BERCITO
IURI DE CASTRO TÔRRES
DE SÃO PAULO
Uma manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo, ontem no centro da cidade, terminou em confronto.
Enquanto a Polícia Militar dispersava o protesto com tiros de borracha, bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo, manifestantes derrubaram uma cabine de vigilância da PM e quebraram os vidros de uma agência bancária e de uma banca de jornal.
O confronto ocorreu na praça da República, por volta das 19h30. Segundo cálculos da polícia, 700 pessoas participavam da caminhada.
A PM afirma que não houve feridos. A reportagem da Folha, porém, foi atingida na testa com uma bala de borracha. Já o Movimento Passe Livre, um dos organizadores do protesto, disse que ao menos dez pessoas foram atingidas por tiros de borracha e por estilhaços.
Quatro pessoas foram detidas por atirar pedras contra veículos da polícia e estabelecimentos comerciais.
"Foi muita bomba, desproporcional ao tipo de ato", diz Mariana Toledo, 25, cientista social e militante do Movimento Passe Livre.
O protesto contra o aumento da tarifa de ônibus, que passou de R$ 2,70 a R$ 3,00, foi organizado pelo Facebook. A maioria dos manifestantes era de estudantes, muitos ligados a partidos políticos, como o PSTU.
A concentração havia começado diante do Teatro Municipal, por volta das 17h.
Antes das 19h, a multidão iniciou a marcha para a praça da República, entoando "Kassab, vai pegar busão!".
Segundo a polícia, o protesto deveria se dispersar na praça, mas os manifestantes queriam ir para a Câmara Municipal. Segundo a assessoria da PM, o "conflito se deu porque eles interditaram a avenida Ipiranga", e o gás lacrimogêneo foi utilizado "para desobstruir a via".
Colaborou CRISTINA MORENO CASTRO
