Casos da doença cresceram 30% no último verão; região do Jd. Pantanal teve o maior número de infectados
Neste ano, índice pode continuar elevado na cidade, assim como no Rio de Janeiro por causa das inundações
TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO
A ocorrência de enchentes pode aumentar o número de infectados por leptospirose, a principal doença relacionada a inundações.
Em São Paulo, nas enchentes do último verão, o contato prolongado com a água da chuva misturada com esgoto elevou em 30% os casos da doença.
O mesmo poderá ocorrer no Rio de Janeiro neste ano.
Segundo levantamento da secretaria municipal de Saúde de São Paulo, feito a pedido da Folha, houve na cidade 214 casos de leptospirose nos quatro meses da estação (dezembro de 2009 a março de 2010). De dezembro de 2008 a março de 2009, quando houve menos enchentes, haviam sido 169 casos.
A campeã de doentes de leptospirose no último verão foi a Subprefeitura de São Miguel Paulista, na zona leste.
É lá, justamente, onde fica o Jardim Pantanal, símbolo das enchentes do verão passado, onde casas e ruas ficaram submersas por mais de 60 dias, obrigando moradores a transitarem pela água.
Na região, que voltou a ter bairros inundados neste mês, 30 pessoas adoeceram de leptospirose, segundo estatísticas da prefeitura. No verão anterior foram sete.
Apesar de o número de doentes ter aumentado, as mortes pela doença diminuíram em SP (de 26 para 23).
Em São Miguel Paulista, segundo a secretaria, não houve mortes – moradores dizem que foram orientados sobre os sintomas da doença, o que pode ter evitado que os casos se agravassem.
A leptospirose é uma doença causada pela Leptospira, bactéria presente na urina do rato. "No local onde há enchente, há maior risco de se ter a doença porque quando a água sobe, lava as tocas dos ratos e leva a urina deles junto", diz o infectologista Juvencio Furtado.
Segundo ele, é possível que o número de casos seja maior porque, às vezes, a doença não apresenta sintomas ou tem sintomas leves, confundidos com uma gripe.
Neste ano, os casos de leptospirose podem continuar elevados na cidade. No Jardim Pantanal, crianças brincavam na água da enchente e adultos transitavam na inundação sem proteções, como botas ou sacos plásticos.
A prefeitura diz que está realizando ações de conscientização sobre a doença.
