Escola está em encosta onde houve dois deslizamentos nos últimos dias; estudo de 2010 ainda está em ”análise”
Márcio Pinho – O Estado de S.Paulo
Em São Paulo, não são apenas favelas em encostas que estão em locais sujeitos às catástrofes naturais. Há vários equipamentos do poder público em áreas de deslizamentos de terra ou inundações, o que contribui para a fixação da população em situação irregular no entorno.
É o caso do Centro Educacional Unificado (CEU) Paz, na Brasilândia, zona norte da capital paulista. Ele está em uma encosta no meio de uma favela no Jardim Paraná, que nos últimos dias teve pelo menos dois desabamentos, sem feridos. Do local é possível avistar pelo menos quatro trechos de deslizamentos. Apesar do desmoronamento do entorno, a Prefeitura garante que o CEU não corre risco.
A zona norte é a segunda com mais áreas de risco na cidade. São 107 pontos, segundo estudo feito pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) no ano passado. A zona sul é a pior, com 176. São 407 áreas na risco em toda a capital. Nelas, 115 mil habitantes (27% dos imóveis) estão em áreas de alto ou muito alto risco e têm mais chances de desabar.
Segundo a Assessoria de Imprensa da Prefeitura, a administração municipal deve apresentar "na semana que vem" um plano para a remoção dessas famílias. No mesmo prazo, a Prefeitura promete divulgar o laudo completo do IPT – foram divulgados apenas números.
O Jardim Paraná tem sido um dos mais castigados neste início de ano. Um deslizamento destruiu um carro, e outro, parte de uma casa a menos de 30 metros do CEU Paz. A família do pedreiro Maeli Santana só teve tempo de colocar lonas no chão para evitar mais água no solo. "Quando chove o medo é geral", afirma.
Outro morador, Israel Silva, diz batalhar para que sua filha continue no CEU e não seja transferida. "Teria de pegar condução, ficaria muito difícil", diz. Boatos de rachaduras na estrutura do CEU, inaugurado em 2004 na gestão Marta Suplicy (PT), são comuns entre moradores.
Ali perto, a Unidade Básica de Saúde (UBS) Jardim Vista Alegre, de 1982, é outro exemplo. Ele fica do lado de um córrego e já houve alagamentos no local. Não há expectativa de que o serviço seja retirado.
No Jardim Romano, zona leste, que ficou alagado no verão passado, o CEU Três Pontes e um conjunto habitacional da Caixa Econômica, na margem do Rio Tietê, também inundaram.
Segundo a Prefeitura, as ocupações próximas do CEU Paz e a UBS são posteriores à construção dos equipamentos. A ocupação irregular ao longo do córrego provocou assoreamento.
População em perigo
115 mil
pessoas vivem em áreas de risco alto ou muito alto
26
subprefeituras das 31 da cidade têm áreas de risco; as mais
centrais são as exceções
50
áreas de risco estão no M"Boi Mirim, distrito mais ameaçado, seguido por Capela do Socorro (42)
24
áreas tem a zona oeste, a menos ameaçada; na leste, são 100