Escritor e religioso conclui sua exposição sobre o tema "cidade e qualidade de vida", defendendo a sociabilidade e a sustentabilidade como bases de um projeto civilizatório
Airton Goes airton@isps.org.br
Realizado nesta quinta-feira (20/1), no Sesc Consolação em São Paulo, o lançamento da pesquisa sobre a percepção dos paulistanos em relação a diversos temas que afetam a qualidade de vida e o bem-estar na cidade começou com uma palestra do Frei Betto.
Tendo como tema “cidade e qualidade de vida”, o escritor e religioso dominicano relembrou rapidamente a história das cidades, destacando a relação dos homens com o meio ambiente. Frei Betto mencionou a recente tragédia ocorrida na região serrana do Rio de Janeiro, onde mais de 700 mortes já foram confirmadas até o momento em virtude de enchentes e deslizamentos de terra, e apontou um novo caminho.
"Hoje em dia, ganha cada vez mais espaço a proposta de bem viver dos povos indígenas andinos, conhecida como ‘sumak kawsay’. Não se trata de viver melhor ou viver cercado de conforto. Trata-se de viver em plenitude. Sumak significa plenitude e kawsay viver", explicou ele, antes de concluir: "Para a sociedade capitalista, a natureza é objeto de propriedade e temos o direito de explorá-la até destruí-la em função de nossas ambições. O capitalismo se norteia pelo paradigma riqueza-pobreza, enquanto o sumak kawsay rompe esse dualismo para introduzir a de sociabilidade e de sustentabilidade, bases fundamentais de um projeto civilizatório. Fora disso, caminharemos para a barbárie."