“Nove bairros estão sob a água há 12 dias” – Jornal da Tarde

 

Pelo menos nove bairros estão debaixo d’água há 12 dias na região leste da Grande São Paulo. A maioria fica na capital – são pelo menos 7 bairros, todos no distrito Jardim Helena, no extremo leste da cidade, às margens do Rio Tietê –, mas há áreas alagadas em Itaquaquecetuba e Guarulhos desde sábado da semana passada.

Há casas destruídas e outras submersas, e 84 desabrigados estão dormindo numa escola municipal em São Paulo.
Os bairros mais atingidos na capital foram a Vila Itaim, a Chácara Três Meninas e o Jardim Pantanal. Todos são próximos do Jardim Romano, que ficou célebre ano passado por ter ficado debaixo d’água por mais de 2 meses.

Mas moradores das outras regiões dizem que também ficaram alagados pelo mesmo período, mas houve menos repercussão. “O Jardim Romano ficou famoso por causa do CEU, mas aqui aconteceu a mesma coisa”, diz o professor Oswaldo Ribeiro Santos, de 36 anos, morador da Vila Itaim.

O dique que está sendo construído no Jardim Romano conseguiu manter as ruas secas neste verão, mas os bairros vizinhos não tiveram a mesma sorte. “É a primeira vez que alaga aqui por dois anos seguidos e ninguém sabe quando isso vai parar” , afirma a enfermeira Ana Aparecida Silveira, de 52 anos. A casa dela, no Jardim Pantanal, está cheia d’água. Em alguns pontos, o alagamento atinge a altura dos joelhos.

Os moradores culpam o assoreamento do Tietê. “Eles não limpam essa parte do rio desde 2006”, diz Santos.
O distrito Jardim Helena é cortado por oito riachos que deságuam no Tietê – e, se o nível do rio estiver alto, ocorre um refluxo nos afluentes e nas galerias subterrâneas e a área permanece alagada.

Para remediar a situação, o governo estadual iniciou o desassoreamento em outubro de 2010 e está licitando um projeto de canalização de um córrego no Jardim Fiorello, em Itaquaquecetuba, além de estudar uma obra de contenção de cheias na região da Vila Itaim.

Parque

A solução definitiva, no entanto, é a construção do parque linear Várzeas do Tietê, uma obra de R$ 1,7 bilhão prometida para 2019 que deve retirar casas da áreas de várzea e fazer ali um parque linear de 75 km. Mas os oradores estão apreensivos. “Desde a troca de governador, ninguém falou mais nada. Não sabemos se os plaos mudaram ou não”, diz Santos.

Grupos comunitários dos bairros atingidos vão pedir uma audiência pública para discutir a obra. Para Santos, o ideal é que os moradores retirados sejam indenizados pelo valor das casas, e não encaminhados a programas habitacionais.
“Moramos em casas boas aqui, e queremos ser indenizados como foi o pessoal do Jardim Romano, onde teve quem ganhou até R$ 250 mil pela casa.”

 

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