“Ônibus a R$ 3: 4 mil marcham em protesto” – Jornal da Tarde

 

Paulo Saldaña

Renato Machado

Pela terceira semana seguida, manifestantes contrários ao reajuste da tarifa de ônibus tomaram as ruas de São Paulo. Na tarde de ontem (27/1), cerca de 4 mil pessoas – o dobro do protesto da semana anterior, segundo a PM – marcharam do Teatro Municipal à Câmara dos Vereadores, no centro. Não houve confrontos.

O presidente da Câmara, José Police Neto (PSDB), recebeu os manifestantes na calçada em frente ao Palácio Anchieta. Acompanhado de vereadores de várias legendas, Netinho, como é conhecido, comprometeu-se com o grupo a marcar audiência pública sobre o valor da passagem e convocar, como pedem os manifestantes, o secretário dos Transpores, Marcelo Cardinale Branco.  A data da audiência será definida na quarta-feira.

Encabeçado pelo Movimento Passe Livre (MPL), composto em sua maioria por estudantes, os protestos contra o reajuste do ônibus para R$ 3,00 promovido pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) no dia 5 de janeiro têm ganhado corpo a cada semana. No dia 13, protesto com cerca de 500 pessoas, também no centro, acabou com 26 detidos depois de confronto entre estudantes e policiais militares. A segunda passeata, no dia 20, levou cerca de 2 mil pessoas para a Avenida Paulista.

Ontem, a passeata recebeu também novas bandeiras de entidades partidárias e estudantis, até então distantes, como PSTU, PSOL, PT, PC do B e União Nacional dos Estudantes (UNE). Segundo Nina Capelo Marcondes, de 21 anos, integrante do MPL, o movimento é apartidário, sem restrição de participação. “Teria sido melhor que todos estivessem com a gente desde o começo, antes do aumento, mas que bom que eles apareceram agora”, comentou ela, estudante da Universidade de São Paulo (USP).

MPL

O Movimento Passe Livre foi criado há cinco anos na tentativa de obter passagens gratuitas para estudantes. Suas maiores ações, no entanto, acontecem após anúncios de reajuste das tarifas em diversos municípios brasileiros. Na capital paulista, os primeiros protestos aconteceram após o reajuste de janeiro de 2010. Como o valor ficara congelado desde 2006, a participação foi pequena e teve pouca visibilidade.

Enquanto isso, o movimento ganhou fama em várias capitais. Como os protestos terminavam muitas vezes em confrontos, muitas prefeituras preferiam anunciar os reajustes em janeiro, durante as férias escolares.

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