“Capital paulista ganha mil buracos por dia, dizem subprefeituras” – Terra

 

VAGNER MAGALHÃES E DANIEL FAVERO

Com a chegada da época de chuvas, um problema recorrente na cidade de São Paulo é o aparecimento de buracos nas vias públicas. A estimativa da coordenação das Subprefeituras, encarregada pelos reparos, é a do surgimento de mil deles ao dia, ou 365 mil ao ano. Segundo o Executivo, o cálculo é feito com base nos 2 mil buracos que são tapados diariamente pelas equipes da Operação Tapa-Buracos. O agravante é que em dias de chuva ou com a pista molhada, não há condições para que os buracos sejam tapados, o que faz o problema se multiplicar.

No balanço de 2009, a ouvidoria da Prefeitura recebeu 993 reclamações de moradores paulistanos que registraram queixas no Serviço de Atendimento ao Cidadão, mas não foram atendidas, relativas aos buracos de rua. Até setembro de 2010 – últimos dados disponíveis – esse número chegava a 705. Somente de janeiro a março, época de maior demanda, foram 313 reclamações.

De acordo com o professor de Engenharia Mecânica da Fundação Educacional Inaciana Ricardo Bock, o problema dos buracos está relacionado com o que está por baixo, o solo. "O problema é que deve ser feito o trabalho de estruturação do solo antes de pavimentar a rua. Aqui onde eu moro, na Aclimação (região central da capital paulista), de um dia para o outro, aparecem crateras que são preenchidas com qualquer coisa e niveladas de qualquer forma". Segundo ele, tapar os buracos "é um quebra galhos"

Ele diz que o reparo nas ruas pode ser comparado com o de um dente. "Você tem uma dor pequena e pode reparar uma cárie, mas se isso não for tratado, com o tempo, pode gerar até um tratamento de canal". Ele afirma que outros fatores como a implantação de sistemas subterrâneos de gás, telefone e esgoto também afetam o solo, mas não são levadas em conta no planejamento antes de se asfaltar uma rua. "Na Inglaterra existe uma lei que proíbe que se mexa na rua por cinco anos após o asfaltamento", afirma. Segundo ele, existem tecnologias mais avançadas para as vias públicas, que custam mais caro, mas ao longo dos anos compensam.

Os buracos e desníveis no asfalto exigem do motorista atenção redobrada. Os problemas mais comuns são estouros de pneu, quebra da suspensão e rodas amassadas. As trepidações e as quedas nos buracos comprometem também o sistema de direção dos veículos, e com o desalinhamentro aumentam o consumo de combustível, explica o professor.

Motoristas podem pedir ressarcimento

A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor informa que os proprietários de veículos que sofrerem avarias podem pedir ressarcimento da prefeitura, governo estadual ou União, caso consigam comprovar que o dano foi causado por omissão do poder público. No entanto, a pessoa deve arcar com os prejuízos e acionar as autoridades na Justiça pedindo compensação.

Outro problema na época de chuvas, além dos buracos, são as enchentes que provocam panes elétricas e avarias sérias que podem provocar a perda total do veículo, segundo afirma o Superintendente de Serviços da Porto Seguro, Milton Oliveira. De acordo com o Sindicato das Seguradoras, Previdência e Capitalização de São Paulo (Sindseg), os sinistros aumentam até 30% em relação aos meses com pouca chuva.

A entidade informa que o motorista deve ficar atento à sua apólice de seguro, para não ter problemas caso o carro seja atingido pela enchente. Ainda segundo o sindicato, os carros que tem seguro total estão cobertos, mas mesmo assim, são necessárias algumas cautelas, como não dar partida no carro caso ele tenha sido encoberto pela água, não tentar atravessar um local que já esteja alagado e evitar parar o carro em locais onde as enchentes são recorrentes. A entidade orienta ainda os segurados a seguirem exatamente as orientações da seguradora sob o risco de perderem a cobertura.

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