“Cinco revitalizações para 2010 estão paradas” – Jornal da Tarde

 

LUÍSA ALCALDE

“Tem gente que não fez as contas, mas eu fiz. Faz dez meses que a calçada está assim. Em março, a Prefeitura veio aqui e quebrou todo o piso. E até hoje está nesse estado: esburacado, cheio de pedras, com desníveis e sem terminar”, afirma José Alberto Cadosana, dono de uma loja na Rua Amaral Gurgel, na região central.

A situação que ele descreve é um retrato de como estão cinco projetos de revitalização de calçadas anunciados no ano passado pela Prefeitura na Praça da República, na Avenida Liberdade, na Rua 13 de Maio, na Brigadeiro Luís Antônio e na Amaral Gurgel.

Nenhum terminou. Pelo contrário: há entulho, lixo e muitos buracos colocando a segurança do pedestre em risco. A Prefeitura reconhece atraso em dois casos, por problemas com as empreiteiras. A reportagem visitou ainda outras duas vias que já deveriam ter sido revitalizadas: Largo da Batata, em Pinheiros, e a Rua Augusta, na região central.

A primeira, que começou em 2007, também está incompleta. Após sucessivas mudanças de datas, deve ser entregue no meio deste ano. Na Augusta, reformada em 2006 ao custo de R$ 2 milhões, chapas de ferro instaladas na semana passada pela Congás enfeiam e deixam a calçada perigosa para os pedestres. “Esse remendo ficou mais alto que o piso”, observa o dono da lanchonete Taxi Bar, Paulo dos Santos Bezerra.

Nas outras vias, o problema é a falta de continuidade das obras. Na Brigadeiro Luís Antonio, por exemplo, a reforma nem começou, um ano depois de anunciada a licitação para escolher a empresa que faria a obra. Enquanto isso, os buracos persistem.

À época, Prefeitura anunciou que o resultado da licitação “deveria ser conhecido nas próximas semanas”. Eleita deputada federal, a ex-vereadora Mara Gabrilli (PSDB) criticou a falta de empenho do município. “No ano passado, a Prefeitura fez apenas 30 quilômetros de calçadas, quando o plano de metas previa 600 quilômetros”, afirma.

“Há lei, recursos e até padrão para as calçadas. Mas falta vontade política para fazer”, observa. Ela é autora do Plano Emergencial de Calçadas (PEC) que permite à Prefeitura revitalizar as vias estratégicas, como onde estão os centros comerciais que oferecem serviços para a população.

Liberdade

“Demorou quase oito meses para acabarem dois quarteirões e meio de calçada. Achei que fosse ficar mais bonito. Preferia como estava antes da obra”, observa a comerciante Adriana Kirura, dona de um café na Avenida Liberdade.

“Cadê as plantas que disseram que iriam plantar?”, diz a vendedora de uma banca de jornal Vanderci de Souza Melo. “Se você soubesse, moça, o tanto de gente que já caiu e torceu o pé aqui.”

Próximo à Rua Jaceguai, a reforma do piso só começou esta semana, segundo Agnaldo Primo, gerente de um estacionamento. Entre as ruas Fagundes e São Joaquim a calçada está quebrada há seis meses sem que haja nenhuma reforma do piso. “Parece que estão de brincadeira”, observa o dono da Doceria Kiko, Kiko Lima.

Na Rua 13 de Maio, por enquanto, nenhum sinal de revitalização do calçamento. Na Praça da República, em vez de reforma, a Prefeitura anunciou que iria multar quem não zelasse pela calçada. Sete foram notificados e um, multado.
No Largo da Batata há dois anos, Luis Alberto Pimentel, dono de uma banca de jornal, é obrigado a conviver com a calçada totalmente quebrada e abandonada. “Não vieram arrumar mais.”

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