“Uma ilha movida a vento e hidrogênio” – Mercado Ético

 

Regina Scharf, em De lá pra cá para a Página 22

A ilha dinamarquesa de Lolland – um conjunto de vilarejos com 70 mil habitantes que vivem, basicamente, da produção de açúcar de beterraba – pretende ser  a primeira comunidade movida exclusivamente pelas chamadas novas energias renováveis (no caso, eólica e hidrogênio). Elas se distinguem das renováveis tradicionais, como grandes hidrelétricas e a queima de lenha, que podem ter impactos ambientais consideráveis.

A revolução de Lolland começou em 2006, quando o governo local construiu uma aliança com empresas dinamarquesas desenvolvedoras de tecnologia. Juntas, elas instalaram um parque de geração eólica que hoje gera 50% mais eletricidade do que a demanda da população. O problema é que a energia eólica tem de ser consumida imediatamente, não pode ser armazenada para uso futuro. Então, o grupo decidiu investir num projeto que permitisse aproveitar todo esse potencial e também descentralizar a geração energética. Em 2007, foi inaugurada em Nakskov, a principal cidade da ilha, uma unidade que usa a eletricidade gerada pelo vento para quebrar moléculas de água, separando o oxigênio e o hidrogênio. O oxigênio é enviado para uma estação de tratamento de esgotos próxima, para aumentar a eficiência da degradação biológica dos poluentes. Já o hidrogênio é estocado em tanques pressurizados. De lá, ele segue por pequenos gasodutos até algumas casas da região. Ali foram instaladas unidades domésticas de célula combustível alimentadas pelo gás. Semelhantes a caldeiras, elas são capazes de gerar tanto calor quanto eletricidade. Apesar de compactas – são do tamanho de um refrigerador -, têm potência de 2 quilowatts. O sistema também permite que a eletricidade excedente produzida pelas residências seja jogada na rede, para consumo em imóveis ainda não adaptados.

Células de combustível domésticas foram inicialmente instaladas em cinco casas que até então consumiam gás natural e óleo. Graças ao novo sistema, elas deixaram de emitir carbono.  Até o ano que vem, pelo menos 40 casas deverão ter sido integradas a esse sistema. A meta é continuar a expandir o modelo até atender toda a população local.

Você pode ler uma apresentação detalhada sobre o projeto (em inglês) aqui.

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