Corregedoria da Câmara abre sindicância para apurar denúncia contra vice-presidente da Casa

 

Em reunião aberta – uma inovação em relação aos últimos anos -, os sete vereadores que integram o órgão decidiram instaurar procedimento de investigação contra Antonio Goulart

Airton Goes airton@isps.org.br

A Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo decidiu instalar sindicância para apurar denúncia divulgada pela imprensa, de que o vice-presidente da Casa, vereador Antonio Goulart (PMDB), teria utilizado R$ 37 mil da verba de gabinete para pagar serviços executados por uma gráfica de propriedade de sua esposa. A decisão de abrir o processo investigativo para o caso foi aprovada nesta quinta-feira (10/2), com o voto favorável dos sete integrantes do órgão.

Como a reunião da Corregedoria foi aberta à sociedade – uma coisa que não acontecia há vários anos –, foi possível perceber que, apesar da votação unânime em favor da abertura da sindicância para averiguar o caso Goulart, a tensão e a animosidade permearam os debates.

De um lado, o novo corregedor Marco Aurélio Cunha (DEM), Eliseu Gabriel (PSB) e Ricardo Teixeira (PSDB), que fazem parte da articulação política que venceu a disputa pela Mesa Diretora do Legislativo paulistano, ocorrida em dezembro. Do outro, o ex-presidente da Câmara, Antonio Carlos Rodrigues (PR), Celso Jatene (PTB) – integrantes do centrão – e José Américo (PT), que apoiaram a candidatura derrotada de Milton Leite (DEM) para a presidência da Casa. 

O sétimo integrante do órgão, vereador Wadih Mutran (PP), passou a impressão de que poderá ser o fiel da balança em futuras votações, caso as sequelas da disputa eleitoral não desapareçam. Embora ainda faça parte do centrão – grupo político formado por parlamentares de diversos partidos –, Mutran teve sua gestão à frente da Corregedoria contestada em alguns momentos por seus “aliados”. Ele foi corregedor da Câmara nos últimos seis anos. O fato despertou a atenção dos presentes e foi interpretada como uma sinalização de que Mutran poderia estar desembarcando do centrão.

Além da abertura de sindicância para apurar denúncia contra um de seus pares – fato que também não ocorria na Casa há vários anos –, os integrantes da Corregedoria decidiram discutir e votar dois relatórios elaborados pelo vereador Toninho Paiva (PR), que integrava o órgão na gestão passada. A definição sobre os dois relatórios foi marcada para a próxima reunião, que será na quarta-feira (16/2), às 11 horas.
  
Marco Aurélio Cunha optou por não declarar o nome dos vereadores que estariam nos relatórios. “Vamos primeiro avaliar se as denúncias procedem antes de expor o nome de alguém, para não causarmos injustiça”, afirmou o novo corregedor. Quanto à sindicância aberta na reunião, ele informou que não há prazo para que a apuração seja concluída. “O que eu posso dizer é que não será um prazo sem fim.”

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