BERNARDO MELLO FRANCO
ENVIADO ESPECIAL A DACAR
O Fórum Social Mundial adotou a rebelião contra a ditadura de Hosni Mubarak no Egito como exemplo a ser seguido por movimentos de esquerda em todo o mundo.
O levante foi exaltado por ativistas, intelectuais e políticos. Para eles, o Egito mostra como usar a comunicação instantânea para mobilizar massas e desestabilizar regimes autoritários.
"O desafio da próxima década é criar protestos simultâneos em vários países", disse ontem o sociólogo português Boaventura Sousa Santos, uma das estrelas do encontro. "Não queremos Cairos globais, mas muitos Cairos ao mesmo tempo."
A declaração lembra o mote de Che Guevara nos anos 60: "Criar um, dois, três, muitos Vietnãs".
Outro tema debatido no fórum é a divulgação de telegramas do WikiLeaks. Ativistas acusam o grupo de "privilegiar" a grande imprensa.
A Folha é um dos seis veículos que têm acesso prévio aos documentos.
Em sua segunda edição na África, o encontro de movimentos antiglobalização enfrenta problemas com a desorganização e a estrutura precária do Senegal.
Debates foram cancelados por sobreposição de horários ou falta de auditórios.
Uma das vítimas foi o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), chefe da delegação brasileira no evento. Um evento em que ele falaria foi "desalojado" sem aviso.
O petista estudou antecipar a volta ao país, mas foi convencido a ficar por militantes do PT, que improvisaram uma roda de cadeiras para ouvi-lo.