Mapa revela onde ladrões mataram 76 pessoas, na capital de SP, em 2010
Em 30 dos casos, vítima estava dentro ou perto de seus veículos; metade dos crimes foi das 18h01 às 24 horas
ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO
O empresário Allan Benites Cardoso, 34, sempre foi calmo. Incapaz de reagir a um roubo, segundo amigos.
Em 11 de maio de 2010, às 20h03, Allan, dono do bar Old Wheels Store n’Drinks, em Perdizes, foi uma das 76 vítimas de latrocínio (roubo seguido de morte) na capital paulista no ano passado.
Um ladrão decidiu roubar o carro de Allan, um PT Cruiser, da Chrysler, parado à frente do Old Wheels. Antes de subir no veículo para fugir, o criminoso atirou no peito do empresário.
Assim como Allan, outras 30 pessoas foram assassinadas dentro ou perto de seus veículos em São Paulo no ano passado, como mostra levantamento feito pela Folha de todos os latrocínios de 2010 na capital paulista.
A maioria estava em um carro, mas há casos de motos e caminhões.
O mapeamento ainda revela: quase metade dos latrocínios ocorreu à noite, entre 18h01 e 24 h; e a maior parte dos crimes se concentrou no Campo Limpo (zona sul), com seis casos, e Jaçanã (zona norte), com cinco -mesmo número que o Tatuapé, na zona leste.
Ao aproximar a lupa da violência em São Paulo em 2010 é possível apontar três ruas como as com maior ocorrência desse tipo de crime: rua Bom Pastor, no Ipiranga, e avenida Nossa Senhora do Sabará, ambas na zona sul, e a rua Desembargador Isnard dos Reis, no Itaim Paulista, zona leste.
Na comparação entre 2009 (100 casos com 101 vítimas) e 2010 (76 casos e o mesmo total de mortos), os latrocínios caíram 24% na capital, segundo as estatísticas do governo paulista.
Pela gratuidade da violência dos criminosos, o latrocínio é um dos crimes que mais assustam a população.
AUTOR DESCONHECIDO
Na maior parte dos latrocínios em 2010, assim como no caso de Allan, o crime foi cometido por "desconhecidos" -conforme registrado no boletim de ocorrência.
Dos 76 latrocínios, em 60 (79%) não havia informação sobre o(s) criminoso(s).
Até hoje, a Polícia Civil não sabe quem matou o empresário. Da noite do crime até ontem, o 23º DP (Perdizes), responsável por prender o assassino, baseou a investigação em declarações de possíveis testemunhas do crime.
Desde 31 de janeiro, a Folha pede à Secretaria da Segurança Pública dados dos principais tipos de crime em cada uma das regiões da capital, mas a pasta não fornece os dados públicos.
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