Petrobrás drenou várzea de manancial que abastece parte da Grande São Paulo; estatal já tem plano para remediar estragos
Eduardo Reina – O Estado de S.Paulo
Um córrego no meio da Serra do Mar fez parar a construção de um dos maiores gasodutos da Petrobrás no País. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) embargou a obra na semana passada em Rio Grande da Serra, região do ABC. Isso porque a área de várzea do Ribeirão da Estiva estava sendo drenada pelas máquinas.
O córrego é utilizado para abastecimento de parte da Região Metropolitana de São Paulo. Trata-se do quarto embargo do empreendimento em pouco mais de três meses.
Batizado de Gasan 2, o gasoduto vai transportar a produção de gás natural da Bacia de Santos e, futuramente, do pré-sal. Orçado em US$ 45 milhões, tem 39 quilômetros e seus dois grandes dutos vão cortar as cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra em pleno Parque Estadual da Serra do Mar.
A instalação dos dutos teve início em 28 de maio do ano passado. A previsão da Petrobrás é concluir a obra – que ligará as Estações de São Bernardo do Campo, localizada no alto da serra, e Controle de Gás de Mauá, perto da Refinaria de Capuava – em maio deste ano. O gasoduto vai ainda facilitar e aumentar o transporte de gás entre Caraguatatuba e a Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão. O empreendimento tem capacidade de transportar 7 milhões de m³/dia.
A estatal informou, por meio de nota, que não deverá haver atraso na entrega. Segundo a Petrobrás, já foi apresentado à Cetesb um "procedimento" para "remediar" a várzea do Ribeirão da Estiva. A proposta apresentada é a mesma enviada anteriormente, mas, a pedido da companhia paulista, tem mais detalhes.
Billings. A paralisação ocorreu depois que foi feita a drenagem da várzea do Ribeirão da Estiva, na cidade de Rio Grande da Serra. Máquinas da empreiteira contratada para a obra jogaram terra para secar parte da área e colocar os canos. A Cetesb acionou a Polícia Militar Ambiental e embargou a obra.
O Estiva é um braço da Represa Billings, que abastece cerca de 35 mil moradores dos municípios de Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires. A produção diária do córrego chega a 100 litros/ segundo.
O ribeirão integra o Sistema Rio Grande, que produz 4,8 mil litros de água/ segundo e abastece 1,6 milhão de pessoas em Diadema, São Bernardo do Campo e parte de Santo André.
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