Lisandra Paraguassu, Ligia Formenti e Rafael Moraes Moura – O Estado de S.Paulo
A região do País que mais sofre com a pobreza agora submerge na violência. Em uma década (1998-2008), os homicídios no Nordeste aumentaram 65%; os suicídios, 80%; e os acidentes de trânsito, 37%. Entre a população jovem foi pior: crescimento de 49% nos acidentes, 94% nos homicídios e 92% nos suicídios. Os dados estão no Mapa da Violência 2011 – Os Jovens do Brasil.
O estudo preparado pelo pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz e apresentado ontem pelo Instituto Sangari e pelo Ministério da Justiça ainda mostra queda na violência em São Paulo. Em dez anos, o Estado reduziu em 62,4% a taxa de homicídios na população em geral e em 68% entre os jovens (15 a 24 anos). Na capital, os números são ainda mais impressionantes: queda de 76% e 81%, respectivamente.
Hoje, São Paulo é a capital onde morrem, proporcionalmente, menos jovens no País. "Houve recuperação do aparato repressivo, depuração das polícias, ganhos tecnológicos nas investigações, melhoria dos sistemas de informação, mas também uma mobilização da sociedade", diz Jacobo.
No outro extremo, Alagoas e Bahia, que figuravam na parte de baixo do ranking da violência em 1998, pularam para as primeiras posições. Outros, como o Maranhão, quase quadruplicaram as taxas de homicídio. Saíram de índices europeus, de 5 por 100 mil habitantes, para 20 por 100 mil.
A explicação pode estar nos males que vêm com as boas notícias. Nos últimos anos, novos polos econômicos surgiram por todo o Nordeste e alguns Estados no Norte, como o Pará. Mas, enquanto chegavam o dinheiro, os empregos e mais moradores, o Estado ficava para trás. "Há polos praticamente sem a presença do Estado", afirma Jacobo.
No mundo. O Brasil tem 26,4 mortes por 100 mil habitantes e está em 6.º em um ranking de 50 países que analisam mortes por homicídios. Já esteve em situação pior, no 3.º lugar.