Carro vai seguir automaticamente para a vaga, em sistema totalmente automatizado, sem manobrista; capacidade do local vai triplicar
Nataly Costa – O Estado de S.Paulo
Com um custo estimado em R$ 200 milhões, o Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, vai ganhar um novo estacionamento. No mesmo lugar onde hoje fica o pátio, serão construídos dezenas de módulos metálicos de até seis andares, com pisos móveis interligados por elevadores. Do térreo, o carro segue automaticamente para a vaga, sem necessidade de manobrista.
O sistema vai aumentar a capacidade das atuais 2.948 para 9.716 vagas nos próximos três anos.
De acordo com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), o primeiro módulo ficará pronto em até um ano a partir do início do contrato com a concessionária vencedora do pregão, marcado para março. Nesse período de obras, Cumbica perderá 460 vagas.
"Se fosse um edifício-garagem tradicional, seria preciso interditar toda a área do estacionamento. Com esse projeto, a expansão é muito mais rápida e os módulos já podem ser operados à medida que vão ficando prontos", explica Claiton Resende Faria, superintendente de Relações Comerciais da Infraero.
Automatizado. Diferentemente de um edifício-garagem de concreto, com espaços para circulação de carros e pessoas, os estacionamentos automáticos de Cumbica não vão usar mão de obra humana e, do primeiro andar para cima, tudo vai ser vaga.
O usuário circula apenas no térreo, onde pega o tíquete, deixa o veículo e depois vai buscá-lo. Uma vez pago o bilhete, o carro chega em poucos minutos, trazido por meio de elevadores e rampas móveis.
À empresa vencedora, na prática, cada vaga de Guarulhos vai sair por R$ 21 mil – o total é quase um terço do que vai custar a primeira fase do terceiro terminal de passageiros do aeroporto, previsto para 2014.
Faria não confirma se a tarifa atual do estacionamento – R$ 7,50 a hora ou R$ 31,50 a diária – vai subir.
"Só vamos saber mediante estudo da empresa ganhadora. O fato é que o valor hoje está defasado, não sofre aumento há três anos. Estacionamentos similares em shoppings cobram o dobro do valor da hora."
Espaço disputado. O caos no atual estacionamento de Cumbica é famoso entre os passageiros do aeroporto – segundo a Infraero, por lá chegam a passar quase mil carros por hora em períodos de pico.
A falta de vagas é frequente e as alternativas dos motoristas são pouco ortodoxas: estacionam irregularmente nos canteiros, corredores e vagas para deficientes.
"Vim buscar minha mãe cadeirante e não encontrei uma vaga, só lá nos fundos. Mas já é sorte ter uma vaga", diz o gerente de vendas Sérgio Zampieri.
Os horários de pico da manhã e do fim da tarde são os piores. "Não tem praticamente sinalização, você fica rodando 20 minutos para achar lugar", diz o comerciante Eduardo Leal.
Os terminais de Brasília, Porto Alegre e Salvador e o Santos Dumont (no Rio) devem ser os próximos a receber a mesma tecnologia em seus estacionamentos, de acordo com os planos da Infraero.
LÁ TEM
O edifício-garagem automático que será construído no Aeroporto de Cumbica já é uma solução bastante usada em países da Europa e da Ásia. O Aeroporto de Xangai, o maior da China – com fluxo de 17.15 milhões de passageiros em voos internacionais, dos quais 9 milhões estrangeiros – é um dos que adotaram o sistema.
Aqui no Brasil, algumas empresas privadas já possuem o sistema, mas é inédito em aeroportos.