Trânsito parou nos principais corredores da cidade, que registrou 59 alagamentos; rio Pinheiros transbordou
Zona oeste foi a mais afetada -no Butantã choveu mais do que em todo o mês; mulher morre em Carapicuíba
RICARDO GALLO
ALENCAR IZIDORO
DE SÃO PAULO
Uma chuva de três horas voltou a travar ontem a cidade de São Paulo -desta vez, em plena tarde de domingo.
A tempestade fez parar o trânsito em vias importantes da capital -como as marginais Pinheiros e Tietê e as avenidas Radial Leste e 23 de Maio- e rodovias como a Castello Branco e a Dutra.
Bairros de classe média da zona oeste estiveram entre os mais atingidos. No Butantã choveu mais do que havia chovido em fevereiro inteiro; na Lapa, só um pouco menos. Em Pinheiros, o volume de chuva foi o maior do mês.
Em Carapicuíba (Grande SP), uma mulher de 62 anos morreu quando o carro em que estava foi arrastado pela correnteza. O carro, de acordo com a polícia, entrou pela tubulação de um córrego.
Houve 59 pontos de alagamento na capital, segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), da Prefeitura de São Paulo. A chuva causou momentos dramáticos. Uma mulher prestes a dar à luz foi resgatada de helicóptero na marginal Pinheiros (zona oeste).
Na Pompeia, diante do shopping Bourbon, um micro-ônibus ficou ilhado por 1,5 m de altura de água. O motorista foi tirado de bote.
O temporal começou às 14h30. Em três horas, a chuva atingiu 34,5 mm na média das 31 estações da cidade, diz o CGE, ou 16% do estimado no mês. Mas na marginal Tietê o índice alcançou 122 mm e, na Pinheiros, 87,6 mm.
O rio Pinheiros transbordou e causou 3 km de congestionamento. Houve quem voltasse pela contramão.
Na mesma região, a água inundou o estacionamento da Ceagesp e as imediações -na av. Mofarrej, ela atingiu 1,5 m e ilhou motoristas.
Perto dali, a enchente destruiu fantasias e esculturas no barracão da Pérola Negra.
O dano só não foi maior porque os carros alegóricos da escola de samba já estavam no Anhembi, onde ela desfila no final desta semana.
O túnel do Anhangabaú inundou. Em Higienópolis e nos Jardins, as ruas em declive faziam a água formar ondas. Na Vila Madalena, vias foram alagadas e carros, arrastados. O muro do cemitério da Lapa caiu.
TRÂNSITO
Os semáforos da av. Paulista entraram em pane; o tráfego foi orientado pela CET. Entre as estações Lapa e Barra Funda, a circulação de trens da CPTM foi interrompida por cerca de duas horas.
Nesse trecho, usuários caminhavam a pé pelos trilhos.
Havia tumulto na Lapa, onde seguranças distribuíam bilhetes aos passageiros para improvisar uma baldeação.
A empresa colocou ônibus no trajeto. Na zona leste, trens pararam por 40 minutos. Hoje deve chover à tarde.
Colaboraram REYNALDO TUROLLO JR e o "Agora"