Reportagem de Flávia Albuquerque, da Agência Brasil
Um em cada quatro homens (25%) sabe de algum parente próximo que já bateu na mulher ou na namorada, enquanto 48% afirmam ter amigo ou conhecido que agride ou costuma agredir a esposa. Desses só 8% assumem a agressão, e a maioria acha errado esse tipo de comportamento em qualquer tipo de situação. Entre os homens que assumiram atos de violência contra a mulher ou namorada, 14% acreditam que agiram corretamente e 15% disseram que repetiriam a agressão.
Os dados estão no capítulo sobre Violência Doméstica e Violência de Gênero, da pesquisa Mulheres Brasileiras em Gênero nos Espaços Públicos e Privados, feita em agosto de 2010 pela Fundação Perseu Abramo, em parceria com o Serviço Social do Comércio (Sesc). O levantamento divulgado hoje (28) entrevistou 2.365 mulheres e 1.181 homens com idade acima de 15 anos, em 25 estados. Das entrevistadas, 13% disseram ter sofrido ameaças de surra e 10% terem sido espancadas.
Segundo a pesquisa, 18% das mulheres – uma em cada cinco – afirmaram que foram vítimas de algum tipo de violência do sexo oposto, seja o homem conhecido ou não. As agressões mais frequentes, segundo elas, são tapas, empurrões ou sacudidas (16%), xingamentos ou ofensas relacionadas à conduta sexual (16%) e controle sobre as atividades da parceira (15%).
De acordo com a pesquisa, os homens também responderam ter sofrido algum tipo de violência por parte das mulheres (10%). Entre as modalidades de agressões, controle ou cerceamento (35%) e física (21%).
Os principais motivos para as agressões apontados tanto pelas mulheres quanto pelos homens estão ligados ao controle de fidelidade (46% para as mulheres e 50% para os homens). Vinte e três por cento das mulheres apontaram distúrbios como o alcoolismo e o psicológico como causas das agressões das quais foram vítimas. E a violência causada pela busca por autonomia não respeitada pelos maridos foi citada por 19%.
A pesquisa indicou ainda que 84% das mulheres e 85% dos homens já ouviram falar da Lei Maria da Penha. Também, segundo os dados, 75% das mulheres e 59% dos homens são favoráveis à ideia de que para educar os filhos às vezes é preciso dar uns tapas. Entre os entrevistados, 75% das mães e 52% dos pais assumiram que batem nos filhos às vezes.