“Há 40 anos, Fuscas Variants e Mavericks entupiam 23 de Maio” – Folha de S.Paulo

 

Estudo mostra que via expressa inaugurada no final dos anos 60 sempre foi sinônimo de trânsito complicado

Daquele tempo para cá, quantidade de carros que circula pela avenida dobrou, de acordo com levantamento da CET

EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

"Na minha memória, a 23 de Maio sempre foi um mar de carros", afirma o publicitário Luiz Simões Saindenberg, 67, que, nos anos 70, saía todo dia de casa, no Bosque da Saúde, zona sul paulistana, em direção ao centro.

Naquela época, a montadora Fiat lançava no país seu primeiro carro, o 147. Na avenida 23 de Maio, que integra o corredor Norte-Sul, trafegavam também Variants, Opalas, Brasílias, Passats, Mavericks e, no fim dos anos 1970, o Fusca "Fafá de Belém".

Um estudo de 1977 da própria CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) mostra que o publicitário paulistano -que hoje escreve textos sobre a São Paulo de décadas passadas- não está sendo muito traído pela memória.

O trânsito nos anos 1970 era carregado na 23 de Maio -a avenida foi inaugurada no finalzinho da década anterior. Só que hoje está muito pior. A quantidade de carros dobrou. Andar pela via expressa hoje, em horário de pico, é sinônimo de problema.

A velocidade média em trechos do corredor Norte-Sul, mesmo que medida possivelmente com técnicas distintas, baixou 54% (de 48 km/h para 22 km/h) no pico na tarde. E 29% (53 km/h para 38 km/h) pela manhã, em 30 anos. Antes, o volume de carros na 23 girava ao redor dos 6.500 veículos por hora.

No final dos anos 1970, inclusive, os chamados horários de pico eram mais curtos. O intervalo crítico da manhã englobava duas horas: 7h às 9h (hoje vai até 10h). E o da tarde começava às 18h e acabava às 20h. Hoje, o pico vespertino começa às 17h.

O trânsito ficava pesado quase sempre apenas em um sentido, a depender do horário. "Se um lado estava parado, o outro era sempre mais livre", lembra o publicitário.

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