“‘Os carros serão usados apenas como opção de lazer’, afirma Miguel Bucalem” – Época São Paulo

 

Secretário Municipal de Desenvolvimento Urbano quer uma cidade com menos trânsito
por Felipe Preto

Você quer São Paulo mais verde? Ele também. Quer uma cidade com menos trânsito? Ele também. O que há de especial, então, nas intenções de Miguel Bucalem? A missão de fazer tudo isso, é claro.

Professor licenciado da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e ph.D. em engenharia civil pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano está há quatro anos à frente da pasta, considerada estratégica pelo prefeito Gilberto Kassab, de quem é amigo desde a faculdade. Hoje, nenhum projeto é implementado na cidade sem passar por seu gabinete, no 22o andar do Edifício -Martinelli, no Centro.

Com perfil mais técnico que político, o secretário de 49 anos não usa motorista. Vai dirigindo de sua casa, em Moema, até o escritório. A cada viagem, ele repete seus mantras: requalificar o Centro e investir na descentralização da cidade. Para isso, é necessário desenvolver a Zona Leste, melhorar o sistema de transportes… “São Paulo precisa ter diretrizes claras de longo prazo”, diz. Algumas estarão no plano de metas SP 2040, tema da entrevista a seguir.

São Paulo tem 11 milhões de habitantes e uma mancha urbana duas vezes maior que há 50 anos. Quais são os desafios para ordenar seu crescimento?
A cidade encontrou uma forma de se desenvolver, mas acabou ocupando áreas que não deveria, como várzeas, encostas e mananciais. Esse espraiamento, com muita moradia e pouco emprego nas regiões periféricas, cria uma dinâmica perversa, tanto para o cidadão, que perde cinco horas entre sua casa e o trabalho, quanto ambiental, em razão da queima de combustíveis. O desafio é reverter essa dinâmica, que aumenta a impermeabilidade do solo e sobrecarrega o sistema de transportes.

Culpar a ocupação desordenada não atesta a falta de planejamento?
A cidade não conseguiu controlar seu crescimento. Não acho que por falta de planejamento, mas de implementação de planejamento, o que é diferente.

A atual gestão tem um plano de “implementação de planejamento”?
Em dezembro, a prefeitura celebrou com a USP um acordo para a criação de um plano de metas para os próximos 30 anos, batizado de SP 2040. Ele definirá os projetos e as estratégias que vão ancorar o futuro da cidade.

Quais serão as diretrizes?
Mobilidade, acessibilidade, desenvolvimento sustentável, oportunidade de negócios e equilíbrio social são os eixos do SP 2040. O desafio é tornar a cidade equivalente. Não importa a região, todo paulistano deve ter acesso a educação, saúde, lazer, cultura, emprego e qualidade ambiental.

Que estratégias têm sido adotadas para garantir isso?
O primeiro passo é estimular a moradia em locais ricos em infraestrutura. Um exemplo é o projeto Nova Luz, que busca reocupar o Centro, onde temos muito emprego e poucos moradores.

  Reprodução

Há outros projetos para o Centro?
Estamos erguendo a Praça das Artes, no Anhangabaú, e lançaremos em breve um projeto de revitalização do Parque Dom Pedro, que ganhará um centro de compras e um estacionamento público próximos à Rua 25 de Março. A demolição do Viaduto Diário Popular e dos edifícios São Vito e Mercúrio vai favorecer a implantação de uma área pública que integrará o Mercado Municipal, o Espaço Catavento e o futuro Museu do Estado de São Paulo. Essa é uma região à qual converge gente de toda a cidade, principalmente da Zona Leste.

E o que se prevê para a Zona Leste?
A região é estratégica. Terá um parque tecnológico, um fórum, novas escolas e faculdades técnicas, um Senai e a Operação Urbana Rio Verde-Jacu.

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