Realizada em parceria com o Unicef, iniciativa reuniu lideranças locais, pessoas que atuam na comunidade e representantes de diversas empresas e organizações. Na pauta, possíveis investimentos sociais na região
Airton Goes airton@isps.org.br
Representantes de diversas empresas e organizações que integram o Fórum Empresarial de Apoio à Cidade de São Paulo tiveram um dia bem diferente nesta quinta-feira (16/5). Eles foram conhecer a comunidade Vila Nova Jaguaré – situada na zona oeste da cidade – e dialogar com lideranças locais e pessoas que já atuam em projetos sociais no bairro. O objetivo do encontro, que contou com o apoio do Unicef, é iniciar um processo de troca de informações que pode resultar em novas parcerias e investimentos destinados a melhorar a vida de crianças e adolescentes da região.
Os visitantes foram recebidos no Centro Cultural e Profissional pelo Grupo Articulador do Jaguaré do Projeto Plataforma dos Centros Urbanos – trabalho desenvolvido pelo Unicef em várias regiões da capital paulista. No encontro, receberam várias informações sobre a comunidade, que começou a ser formada entre os anos 1950 e 1960.
De acordo com dados da Secretária Municipal da Habitação, atualmente a Favela Nova Jaguaré “ocupa um terreno de propriedade pública com área total de 168.359,9 m²” e tem aproximadamente 4.070 imóveis (quase todos de alvenaria).
Com o apoio de algumas empresas e instituições, entre as quais a Roche e a Congregação Santa Cruz, 12 projetos voltados para a área social já estão em funcionamento no bairro. “Mesmo todas as iniciativas juntas não conseguem atender as necessidades da comunidade”, explicou Leandro Oliva, coordenador do Programa Social Vizinho Legal e integrante do grupo articulador.
Entre as principais reclamações dos moradores estão a falta de espaços de lazer, como quadras esportivas, e o excesso de lixo despejado em locais impróprios. “A área de lazer mais próxima é a Praça do Balão, onde tem duas quadras esportivas que estão sempre ocupadas”, relatou o jovem Gecivaldo Pereira dos Santos Junior, de 16 anos. Ele acrescenta que no CEU (Centro Educacional Unificado) local existe outra quadra esportiva. “Mas para jogar lá tem que marcar horário”, lamenta.
No encontro, o grupo articulador apresentou aos representantes do Fórum Empresarial de Apoio à Cidade de São Paulo algumas sugestões de áreas em que os investimentos sociais e parcerias poderiam melhorar a qualidade de vida de crianças e adolescentes do bairro.
Após o almoço oferecido pela empresa Roche, os visitantes fizeram uma caminhada pelas vielas, escadarias e ruas estreitas da favela, que está passando por uma reurbanização parcial. “Como a verba do projeto [de reurbanização] foi reduzida para quase 25% do valor inicial, muita coisa deixou de ser feita ou não ficou do jeito que as pessoas esperavam”, registrou Carlos Aponte, diretor da Congregação Santa Cruz.
“Foi uma troca muito completa e interessante, principalmente para a atuação conjunta que pretendemos fazer”, avaliou Daniela Martins Souza, do Instituto Votorantim, ao final do dia.
A visita à comunidade foi resultado de um processo desenvolvido desde outubro do ano passado, quando o Fórum Empresarial, em parceria com o Unicef, lançou um guia de investimento social para as empresas. Em novembro, foi criado o Grupo de Mobilização Pela Infância e Adolescência. “O grupo inicialmente sugeriu quatro comunidades da cidade e a escolhida para iniciar a proposta piloto foi a Nova Jaguaré”, contou a coordenadora do Fórum, Daniela Damiati.
Segundo ela, o próximo passo será um encontro do Grupo de Mobilização, “onde as empresas participantes vão começar a definir que projetos pretendem levar para a região ou de que forma pretendem investir”. Daniela destaca que o trabalho será feito em conjunto pelas empresas, ouvindo a comunidade. “Temos que pensar sempre juntos.”
Além da Votorantim, participaram da visita à Vila Nova Jaguaré representantes das seguintes empresas e organizações: AES Eletropaulo, C&A, Disoft, Itaú, Johnson & Johnson, Rádio Globo, Rede Nossa São Paulo e Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social.
O Fórum Empresarial de Apoio à Cidade de São Paulo surgiu em maio de 2010, por iniciativa da Rede Nossa São Paulo e do Instituto Ethos. Entre os objetivos do Fórum estão pesquisar e fornecer informações e diagnósticos sobre a cidade para viabilizar e potencializar ações e investimentos sociais das empresas.
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