“Por que os preços em SP estão cada vez mais altos?” – O Estado de S.Paulo

 

Uma série de fatores faz a capital ser cara demais, da economia aquecida ao aumento da renda e a busca por status de luxo

Rodrigo Brancatelli – O Estado de S.Paulo

Até o jornal americano The New York Times reparou, em reportagem publicada na semana passada, o que faz São Paulo ser São Paulo – os prédios, os congestionamentos, a chuva, a vida noturna e, mais recentemente, os "preços exorbitantes". Seja para um turista estrangeiro ou para um morador de qualquer bairro da capital paulista, a cidade está cara demais. É o preço do café, do táxi, da tarifa do ônibus, dos eletrônicos, do jantar, do apartamento… Um problema com muitas razões e poucas soluções.

São Paulo é atualmente a cidade mais cara das Américas, de acordo com a Pesquisa Global Mercer do Custo de Vida. Frequentar uma academia de ginástica na capital paulista sai pelo dobro do preço cobrado em Londres, enquanto jantar em um restaurante estrelado por aqui é mais salgado que um similar em Paris. Tradicionalmente, a carga tributária é sempre uma das principais vilãs – o peso dos impostos sobre cada contribuinte subiu de R$ 1.732,89, em 2002, para R$ 2.268,75 no ano passado. Além disso, há uma série de outros fatores, do aquecimento da economia ao aumento da renda da população e a entrada de uma nova massa de consumidores no mercado.

Ainda há em São Paulo um custo particular, o "custo paulistano": cobra-se mais para conferir um aspecto de luxo ao produto ou ao lugar. "É um custo de status. Você pode colocar um preço alto, cobrar R$ 500 por um ingresso de show, R$ 25 pelo cinema, R$ 200 por um jantar, e vai ter gente para pagar essa conta, porque o mercado está aquecido e porque o paulistano paga aquilo quase como símbolo de ostentação", diz o economista Gustavo Fabron, que trabalha com tendências de mercado para empresas estrangeiras que abrem filiais em São Paulo. "Essas indulgências custam até 250% a mais do que em outras capitais brasileiras e fazem os preços aqui ficarem absurdos."

Compartilhe este artigo