Entidades civis lançam documento com propostas para reforma política no país

 

Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político Brasileiro defende financiamento público de campanha. População poderá contribuir com sugestões e criticas ao texto

Airton Goes airton@isps.org.br

Financiamento público e exclusivo das campanhas eleitorais, votação em lista partidária e menos dificuldades para a apresentação de projetos de lei de iniciativa popular são algumas das propostas de entidades da sociedade civil para a reforma política que está em discussão no Congresso Nacional. O documento com as sugestões foi lançado pelas organizações que integram a Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político Brasileiro.

No lançamento, realizado quarta-feira (30/3) em Brasília, também foi divulgado o novo portal Plataforma Pela Reforma do Sistema Político, onde o internauta pode encontrar a íntegra do documento com as propostas da sociedade sobre o tema e outras informações do movimento. Após ler o texto, os interessados podem encaminhar críticas e sugestões pelo próprio site até o dia 25 de abril.

“As propostas da sociedade foram entregues a integrantes do Congresso Nacional, durante um café da manhã também realizado na quarta-feira”, relata Maurício Piragino, o Xixo, da Escola de Governo de São Paulo – uma das entidades que integram a Plataforma. Segundo ele, as atividades realizadas em Brasília esta semana fazem parte do objetivo de popularizar o debate sobre a reforma política. “Queremos que a população se sensibilize com o problema e participe do processo.”

Xixo, que também é coordenador do GT Democracia Participativa da Rede Nossa São Paulo, explica porque o financiamento público e exclusivo das campanhas eleitorais é melhor do que o sistema atual. “As empresas que põem dinheiro para eleger alguém têm seus interesses e vai cobrar depois”, argumenta. Além disso, informa ele, já existe dinheiro público financiando as campanhas eleitorais. “São os fundos partidários e pouca gente sabe disso”.

Para as entidades integrantes da Plataforma, o financiamento público e exclusivo tornaria a campanha muito mais barato. De acordo com dados apresentados em debates realizados pelo movimento, no modelo vigente o voto de cada eleitor custa aproximadamente R$ 120,00. Com a mudança, este valor cairia para R$ 7,00. O custo unitário de cada voto é obtido dividindo-se os gastos totais das campanhas eleitorais pelo número de votantes.

A votação em lista partidária – outra proposta defendida pelas entidades – prevê a existência de critérios de alternância de gênero, étnicos e raciais, para que seja garantida, por exemplo, a participação de mulheres e negros na relação dos candidatos de cada partido. “Caso contrário, essas minorias políticas poderão ser incluídas ao final das listas e não conseguirão se eleger nunca, mantendo-se o mesmo perfil de eleitos que temos hoje”, afirma o documento.

Quanto aos projetos de lei de iniciativa popular, a idéia é reduzir as exigências legais para que a sociedade possa apresentar suas propostas aos parlamentos municipais, estaduais e federais. “A Ficha Limpa foi uma iniciativa popular, mas para se tornar projeto de lei precisou ser encampada por alguns parlamentares, pois pela legislação atual seria preciso conferir as mais de 1 milhão e 300 mil assinaturas de pessoas que subscreveram a proposta, o que inviabilizaria o processo”, lembra o coordenador do GT Democracia Participativa da Rede Nossa São Paulo.

 

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