“Coleta de lixo em prédios esbarra na burocracia gerada por decreto” – Folha de S.Paulo

 

Catadores não conseguiram se cadastrar para prestar o serviço em condomínios paulistanos

Só empresas aprovadas pela prefeitura podem atender prédios que produzem mais de mil litros de dejetos por dia

MARIANA DESIMONE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Vários condomínios comerciais e mistos -com escritórios e unidades residenciais- da cidade de São Paulo que geram mais de mil litros de lixo por dia (uma pessoa produz 960 g diários) se veem forçados a trocar de empresa de coleta.

Pelo decreto 51.907/10, assinado pelo prefeito Gilberto Kassab em novembro, esses condomínios só podem contratar prestadores cadastrados pela prefeitura, sob pena de multa de R$ 1.000 e perda do alvará de funcionamento.

Muitas cooperativas de catadores, porém, ainda não conseguiram se cadastrar, obrigando vários prédios a buscar empresas maiores para recolher seus resíduos.

"Muitas cooperativas estão em processo de cadastramento no Limpurb [Departamento de Limpeza Urbana], mas têm pendências burocráticas, como documentação", diz André Vilhena, diretor-executivo da ONG Cempre (Compromisso Empresarial com a Reciclagem).

"Tivemos que trocar de prestador de serviço", conta Marcia Marchetti, 54, gerente predial de um condomínio comercial na Vila Olímpia (zona oeste). "Foi ficando cada vez mais difícil para a cooperativa retirar o lixo todos os dias, porque aqui eles não podiam vir de caminhão."

O decreto não afeta condomínios estritamente residenciais. Nesses, a preocupação ainda é organizar a coleta seletiva. Lâmpadas, por exemplo, devem ser recolhidas por empresas especializadas.

Compartilhe este artigo