“SymbioCity: uma plataforma para cidades sustentáveis” – EcoDesenvolvimento

 

O governo da Suécia, em parceria com a Swedish Trade Council, desenvolve desde 2002 um projeto que pretende transformar centros urbanos em ambientes totalmente sustentáveis. Batizada de SymbioCity, a abordagem começa a chegar ao Brasil e, assim como foi feito em outros países onde já foi aplicada, quer tornar o planejamento das cidades um processo holístico, onde exista simbioses entre cada elemento urbano, tornando a cidade um local mais sustentável sob todos os aspectos.

 

De acordo com os fundadores do conceito, SymbioCity significa eficiência dos recursos urbanos, ao longo e entre os diferentes sistemas de tecnologia urbanos ou campos de ação. Assim, os investimentos em infraestrutura são combinados em uma estratégia comum, criando uma série de benefícios e economizando custos substanciais.

Energia, gestão do lixo, abastecimento de água e saneamento, trânsito e transporte, planejamento paisagístico, arquitetura sustentável e funções urbanas, como habitação, indústria e serviços, funções recreativas e culturais, são alguns exemplos de setores que geralmente vivem vidas independentes, mas que com a SymbioCity passam a ser integrados.

Apesar de o tema estar em destaque nos dias de hoje, a plataforma vem sendo arquitetada ao longo de décadas. Por volta dos anos 1960 a Suécia começou a enfrentar perda de recursos naturais e de fontes de energia e percebeu que precisaria criar novas maneiras para isolar construções e desenvolver sistemas automáticos de economia de energia.

Com esse novo pensamento sustentável, o país conseguiu avanços significativos na área, como a redução da dependência do petróleo para aquecimento e produção de eletricidade em 90% desde os anos 1970, além de reduzir suas emissões de dióxido de carbono em 9% durante o período de 1990 a 2006, enquanto seu Produto Interno Bruto (PIB) aumentou em 44%.

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A plataforma busca unir todos os setores da cidade de forma simbiótica

Exemplos na prática 

O subúrbio de Hammarby Sjöstad, localizado em Estocolmo, na Suécia, é hoje um dos maiores modelos da aplicação da SymbioCity. Antiga zona portuária conhecida pelo elevado nível de poluição, o bairro foi construído em 2002 e hoje é apresentado em todo o mundo graças à sua abordagem de planejamento integrado.

O primeiro-secretário da Embaixada da Suécia no Brasil, Mikael Stahl, destaca que o bairro conta com energia renovável, transporte público integrado, construções com lixo conectado em subsolo e levado separado por tubulações para cada destinações adequadas, onde é incinerado, transformado em energia e volta para as casa como forma de aquecimento no inverno.

Como resultados dos investimentos, o bairro hoje apresenta redução de 40% no estresse ambiental, 50% nos níveis de eutrofização, 45% nos níveis de ozônio no solo e 40% no consumo de água. O crescimento local não para e a expectativa é de que até 2015 o bairro tenha 11 mil apartamentos, 25 mil habitantes e 35 mil locais de trabalho.

Os frutos do projeto aliados ao rápido crescimento das grandes cidades e à necessidade de prepará-las para um futuro que exigirá mais eficiência e bom uso dos recursos naturais tem feito com que a plataforma SymbioCity e sua rede formada por mais de 700 empresas suecas percorra o mundo e seja aplicada em diferentes nações.

“A China, por exemplo, está construído uma cidade para mais de 1 milhão de habitantes totalmente baseada na abordagem”, conta Stahl. Canadá, Irlanda, Rússia, África do Sul, Índia, Reino Unido e França também já aderiram à SymbioCity e, de acordo com Stahl, o Brasil pode ser o próximo. 

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Após a adoção de práticas sustentáveis, a Suécia viu seu PIB crescer 44% enquanto suas emissões de dióxido de carbono caíram 9%

“Na Asa Norte de Brasília estão planejando um bairro novo e estão muito interessados no sistema de lixo e São Paulo já ônibus rodando com combustível renovável”, diz Stahl, que tem viajado o Brasil fazendo palestras e apresentando a plataforma para membros do governo e empresários. Ele ainda destaca que o conceito é totalmente adaptável e pode ser feito tanto em cidades antigas quanto novas. 

“Você pode começar de bairro em bairro, onde aquilo for mais urgente. Mas o importante é saber que isso é uma maneira de pensar, é sobre como podemos ter uma cidade funcionando plenamente. A Symbiocity pensa em todas as coisas interligadas, assim você vê como melhorar um ponto para melhorar o todo”, diz.

Apesar da boa recepção dos brasileiros, Stahl lembra que ainda existem muitos desafios a serem vencidos para que essas práticas sejam aplicadas nas cidades do país. "Em Salvador, por exemplo, gostaram muito do sistema de tratamento de lixo, mas questionaram o que aconteceriam com as pessoas que trabalham com a coleta", afirma.

O primeiro-secretário também alerta para a necessidade de se fazer bons investimentos no país com a aproximação de grandes eventos, como a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas.

“Vai ter mais gente no país, muito turismo, e pressão ficará ainda maior nos aeroportos, estradas e cidades. Claro que o fortalecimento de toda a infraestrutura já está nos planos dos governos, mas isso precisa ser feito de uma maneira sustentável para que possa ser usado pela população depois”, diz.

Ele defende ainda que esse é um bom momento para o país pensar de forma sustentável e lembra que colocar esse modelo em prática não é mais difícil que pôr o modelo convencional. “O preço inicial pode ser maior, mas em longo prazo haverá retorno. É preciso ter essa visão já que a cidade continua crescendo depois dos jogos”.

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