Crises partidárias mudam composição das bancadas na Câmara Municipal de SP

 

Depois da saída de seis vereadores do PSDB, será a vez do DEM passar pela debandada. PV, PSB, PMDB e, principalmente, a nova legenda do prefeito, o PSD, deverão receber os “sem-partido”

Airton Goes airton@isps.org.br  

“Nos próximos dias, os remanescentes do DEM escolherão uma nova liderança da bancada.” Com esta declaração feita no plenário na Câmara Municipal de São Paulo, nesta quinta-feira (28/4), o vereador Milton Leite reconheceu que é hora do Democratas começar a contar apenas com aqueles parlamentares que pretendem ficar no partido. 

Dos oito integrantes da bancada, apenas ele e Sandra Tadeu afirmam que irão permanecer na legenda. Até o vereador Carlos Apolinário, que até ontem era dado como certo entre os “remanescentes” do DEM, diz que se sente desconfortável na agremiação. “Como posso me sentir confortável em um partido que não me comunica as decisões”, reclama.

Segundo Apolinário, a Executiva Nacional do DEM não o convidou para participar da reunião em que foi decidida a nova composição do Diretório Estadual do Partido. “Meu nome foi incluído na lista, mas eu nem fui consultado”, argumenta, antes de sinalizar: “Ou me respeitam ou não serei mais do Democratas”.

O parlamentar também deixa claro que não concorda com a indicação do ex-secretário municipal de Transportes, Alexandre de Moraes, para a presidência do Diretório Municipal do DEM. “Qual a história dele na política partidária?”, questiona, para responder em seguida: “Como alguém que nunca foi dirigente partidário vai ser presidente do Diretório Municipal”.

A indicação de Moraes para a direção do DEM na cidade, na opinião do vereador, obedece apenas um critério. “Parece que basta ser inimigo declarado de Kassab [prefeito de São Paulo] para ser dirigente municipal”, critica. O ex-secretário deixou a Secretaria de Transportes no mês de junho do ano passado, em razão de atritos com o prefeito.

Questionado para qual partido irá, caso se confirme sua saída do DEM, Apolinário garante que não será para a nova legenda de Gilberto Kassab, o PSD. “Vou pensar no que vou fazer da vida”, finaliza.

Já o atual líder do DEM na Câmara Municipal, Marco Aurélio Cunha, e os outros quatro integrantes da bancada – Domingos Dissei, Edir Sales, Marta Costa e Ushitaro Kamia – aguardam apenas a formalização legal do PSD para ingressarem no partido.

Além de reforçarem o novo partido do prefeito com novas adesões, as mudanças na composição das bancadas partidárias, iniciadas com a saída de seis vereadores do PSDB, não afetarão a maioria que Kassab dispõe na Casa. O governo municipal conta com o apoio declarado de 31 dos 55 vereadores e nenhum dos “sem-partidos” pretende migrar para a oposição.

Ex-tucano diz que irá para o PMDB

Dos seis vereadores paulistanos que confirmaram a saída do PSDB, o primeiro a declarar que destino pretende tomar é Juscelino Gadelha. “Estou retornando a minha antiga casa, de onde saí em 2003”, declarou. Segundo ele, “já está tudo praticamente acertado” e sua volta ao PMDB deverá ser anunciada oficialmente nos próximos dias.

O fato de sair de uma legenda de oposição ao governo federal para ingressar em outra que, além de integrar a base de apoio, ainda detém o cargo de vice-presidente (Michel Temer) não incomoda o ex-tucano. “Se o PMDB de São Paulo apoiar a presidente Dilma, vou seguir a determinação partidária, pois não posso ir para um novo partido já discordando de suas posições.”

Gadelha diz que está indo sozinho para o PMDB e que os outros cinco ex-colegas do PSDB deverão tomar caminhos diferentes. Em sua previsão, dois deverão desembarcar no PSD, dois no PV e um no PSB.

Pela conversa, foi possível compreender que José Police Neto, presidente da Câmara, e Souza Santos estariam mais próximos do partido de Kassab (PSD). Gilberto Natalini e Dalton Silvano negociam para entrar no Partido Verde e Ricardo Teixeira pretende engrossar as fileiras do Partido Socialista Brasileiro.

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