Corregedoria da Câmara adia início da apuração do caso do vereador Kamia

 

Disputa pela condução das investigações motivou transferência da decisão para terça-feira. Denúncia é que materiais doados à Defesa Civil estariam sendo utilizados com fins eleitorais

Airton Goes airton@isps.org.br

Os sete vereadores que integram a Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo não chegaram a um acordo sobre a abertura de sindicância para apurar a denúncia divulgada pela imprensa, de que o repasse de materiais doados à Defesa Civil da cidade para entidades sociais estaria sendo utilizado com fins eleitorais. Em virtude da disputa pela condução das investigações do caso, que envolve o nome de Ushitaro Kamia (DEM) – único parlamentar citado pelas reportagens –, a decisão foi adiada para a próxima terça-feira, quando o órgão deve realizar nova reunião para debater o assunto.

Vereadores de oposição que fazem parte da Corregedoria explicaram, logo após o tenso debate realizado nesta quinta-feira (5/5), porque não apoiaram a abertura da sindicância para apurar a denúncia contra Kamia. “Na sindicância, o corregedor [Marco Aurélio Cunha, do DEM] elabora o relatório e apresenta à Mesa da Casa sem precisar passar pelos outros integrantes da Corregedoria”, informou Antonio Carlos Rodrigues (PR).

Ele e outros parlamentares preferem que a investigação seja motivada por uma denúncia de algum cidadão ou partido político. “Neste caso, o corregedor tem que nomear um relator e todos os integrantes da comissão têm direito de analisar e votar o parecer”, completou Rodrigues.

Segundo José Américo (PT), que também participa da Corregedoria, os vereadores não podem apresentar a denúncia. “Vamos aguardar até terça-feira para ver se surge a denúncia ou se aprovamos uma forma de fazer a sindicância com a participação efetiva dos demais integrantes da Corregedoria”, argumentou.

Caso a denúncia não apareça – o que parece bastante improvável – e a única possibilidade para investigar a denúncia na Casa seja abrir uma sindicância, o corregedor Marco Aurélio Cunha (DEM) já declarou que concorda em ouvir os demais integrantes da corregedoria. “Porém, sem perder a prerrogativa de apresentar o relatório.”

Na parte da manhã, o coordenador-geral da Defesa Civil da cidade, coronel Jair Paca Lima, esteve na Câmara Municipal e negou o envolvimento de parlamentares no repasse de doações para entidades sociais. O vereador Ushitaro Kamia também refutou as acusações, dizendo que, embora tenha ligações com várias associações, nunca solicitou qualquer tipo de doação.  

De acordo com reportagem da Rádio Bandeirantes – emissora paulista que apresentou as primeiras informações sobre o caso –, toneladas de materiais arrecadados para as vítimas de enchentes na região serrana do Rio Janeiro estariam sendo distribuídas para entidades ligadas a vereadores paulistanos. O nome de Kamia foi citado por uma das pessoas entrevistadas na matéria.

A Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo, que irá investigar o caso, é composta pelos vereadores Marco Aurélio Cunha (corregedor), Antonio Carlos Rodrigues (PR), Celso Jatene (PTB), Eliseu Gabriel (PSB), José Américo (PT), Ricardo Teixeira (PSDB) e Wadih Mutran (PP).

Leia também: Vereadores de SP distribuem doações de vítimas da região serrana do Rio 

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