“Sinal vermelho para o desrespeito ao pedestre” – Diário do Comércio

 

CET lança amanhã uma ampla campanha de educação no trânsito de São Paulo, cujo objetivo é reduzir o número de atropelamentos nas principais vias da cidade. Serão as chamadas Zonas Máximas de Proteção ao Pedestre (ZMPP). Educação no trânsito é o desafio.

Ivan Ventura

Começa a funcionar amanhã em onze regiões de São Paulo, inclusive no Centro, a Zona Máxima de Proteção ao Pedestre (ZMPP). Criada pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), trata-se de uma ampla campanha de educação no trânsito, cujo objetivo é reduzir o número de atropelamentos na cidade.

Em 2010, 630 pessoas morreram atropeladas na Capital – cerca 50% do total de óbitos no trânsito. O programa tem como meta a redução de 50% dos casos de morte por atropelamento até o fim do ano.

O foco da campanha é conscientizar o motorista da prioridade de quem está a pé ao atravessar a faixa sem semáforo. A CET tem como base o artigo 70 do Código Brasileiro de Trânsito (CBT), que expressa claramente a prioridade do pedestre em faixas sem semáforos.

Na prática, a lei aprovada em setembro de 1997 é desrespeitada a todo momento. É o que comprova um estudo da CET divulgado na semana passada: dos 675 veículos pesquisados, apenas 70 condutores (10,4%) respeitaram as faixa de pedestre e a lei que privilegia o pedestre em locais sem semáforos. Curiosamente, quase 77% dos motoristas entrevistados afirmaram respeitar a prioridade na faixa de travessia.

Idosos – A reportagem do Diário do Comércio circulou por ruas centrais e constatou o desrespeito. Na rua Benjamin Constant, esquina com a Praça da Sé, os motoristas não respeitavam sequer cadeirantes  e idosos. O mesmo aconteceu na Rua Boa Vista, próximo ao Pátio do Colégio. Nesses lugares, o pedestre é obrigado a improvisar. Alguns correm, outros usam de valentia para atravessar a rua e há aqueles pacientes.

"Infelizmente, eu só posso esperar a minha vez. Na Europa deu certo, mas não sei se aqui vai funcionar", disse o português aposentado Carlos Costa, de 85 anos. "O motorista só respeita o semáforo. Espero que mude", avalia a assistente de exportação Luciana Araújo, de 35 anos.

Por outro lado, motoristas consultados pelo DC dizem respeitar a legislação. É o caso de Fábio Júnior Tavares da Silva, de 31 anos. "Eu respeito, mas tem muita gente que não respeita, inclusive motorista de ônibus. O problema de parar para o pedestre é aguentar a buzina do carro atrás", disse.

Distúrbio – Na opinião do psicólogo e diretor do Centro de Psicologia Aplicada ao Trânsito (Cepat), Salomão Rabinovich, uma parte desse desrespeito está relacionada a um distúrbio violento do motorista e das pessoas em geral. No caso do motorista, explica, ele assume uma nova personalidade, algo bem diferente daquela que possui como pedestre.

Diante desse quadro, o psicólogo defende o endurecimento das leis. "Temos que proteger adultos e idosos no trânsito. Tem que punir mais severamente", disse.

O engenheiro e presidente da Associação Brasileira de Pedestres, Eduardo José Darlos, vê com bons olhos a campanha da CET, mas defende a adoção de outras medidas. Uma delas é o uso de faixas reflexivas para pedestres, algo que surgiu na Suécia.

"Temos um estudo que mostra o grau de percepção do motorista à noite para determinadas cores. A mais baixa é o azul, onde o motorista perceberia a presença do pedestre a menos de 20 metros. Na reflexiva,  a percepção é de 150 metros de distância. Tudo é válido no trânsito, se for para proteger uma vida ", defendeu Darlos.


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Saiba mais:
Carta "Década de Ação para a Segurança de Trânsito"
PLANO NACIONAL DE REDUÇÃO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO NA DÉCADA 2011-2020

DÉCADA DE AÇÃO PELA SEGURANÇA NO TRÂNSITO – 2011 – 2020

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