Cidades da Grande São Paulo que usavam aterro que explodiu e migraram para outro ficarão sem licença
A partir do fim do mês, prefeituras terão de encontrar outro destino para lixo; interior e até a capital são cogitados
EDUARDO GERAQUE
RAPHAEL MARCHIORI
DE SÃO PAULO
Cinco cidades da região leste da Grande São Paulo correm o risco de ficar sem ter onde depositar o seu lixo a partir de junho.
Com a interdição do aterro Pajoan, em Itaquaquecetuba, que explodiu no mês passado, os municípios atendidos por ele ficaram na obrigação de acionar um plano de emergência, sob pena de deixar o lixo espalhado.
Biritiba Mirim, Itaquaquecetuba, Poá, Salesópolis e Suzano, por meio de empresas particulares, passaram a jogar todos os seus resíduos na cidade de Santa Isabel, no aterro sanitário Anaconda.
Como a licença emergencial da Cetesb, órgão ambiental estadual, acaba no fim de maio, o Anaconda deixará de ser o destino oficial para o lixo das cinco prefeituras.
A interdição por tempo indeterminado do Pajoan, aterro sanitário que funcionava de forma precária, mas com autorização estadual, vai fazer com que o lixo depositado lá viaje para outras regiões do Estado, que também produzem bastante lixo.
Mogi das Cruzes e Arujá, que também levavam o lixo para o Pajoan, estão usando agora o Anaconda. Mas elas têm um outro tipo de autorização e poderão continuar com as operações no local.
Já Ferraz da Vasconcelos levou seu lixo para Guarulhos, segundo Edélcio Lungarezzi, um dos sócios do aterro Anaconda. A Folha apurou que até aterros na capital poderão ser usados.
O maior número de deslocamentos do lixo causa tanto problemas ambientais, por causa da poluição sonora e do ar, quanto econômicos.
"Cada município deveria encaminhar o lixo ao seu próprio quintal", diz Valmir dos Santos, presidente do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente de Santa Isabel. "Temos 260 apartamentos da CDHU prontos, ainda não habitados, a 1 km do Anaconda. Agora, vai ter mais lixo chegando ao bairro", diz.
Com mais resíduos sendo depositados no Anaconda, a capacidade do aterro ficará menor. "Nossa vida útil passará de 20 anos para 15. Temos licença até 2015", diz Edélcio Lungarezzi.
Sem o aterro Pajoan, a Prefeitura de Poá cogita levar seu lixo para outro, em Mauá, ou até para o interior paulista.