GCM poderá multar morador que põe o lixo na rua antes da hora e comerciante que não contrata empresa de coleta
Desde 2009, Kassab tem anunciado medidas para tentar melhorar sistema de limpeza, sem obter resultado prático
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO
A Prefeitura de São Paulo acionou a Guarda Civil Metropolitana para tentar colocar um pouco de ordem na confusão do lixo na cidade.
Os guardas poderão multar morador que põe lixo na rua mais de duas horas antes do horário da coleta e comerciante que não contratar uma empresa para dar uma destinação correta a seu lixo.
A GCM tem autonomia até para autuar quem jogar qualquer tipo de lixo na rua, como garrafas pet e até bitucas de cigarro -a multa prevista em lei de 2002 é de R$ 500, mas nunca foi aplicada.
A prefeitura conta com cerca de 700 fiscais da área de limpeza. O efetivo da GCM é de 6.800 homens. O número dos que serão utilizados na fiscalização da limpeza e a data de início de sua atuação ainda não estão definidos.
O lixo é tido como um dos responsáveis pelo aumento das enchentes na cidade: levados pelas enxurradas, sacos de lixo entopem de bocas de lobo e impedem que a água chegue às galerias.
Desde 2009, o prefeito Gilberto Kassab (PSD) tem anunciado medidas para a melhoria da coleta de lixo -como multa para quem colocar o lixo na calçada em horário irregular-, mas tem obtido pouco efeito prático.
A ideia de utilizar guardas na limpeza vem num momento em que a prefeitura planeja mudanças no sistema de limpeza.
CONFUSÃO
Atualmente, o sistema é compartimentado. Sacos de lixo pretos, brancos, azuis e amarelos à espera da coleta confundem os moradores.
As empresas que fazem a varrição das ruas usam sacos amarelos para colocar os resíduos. Os sacos são colocados em pontos pré-determinados pela empresa aos garis e devem ser coletados, segundo os contratos, até quatro horas após o fim do turno.
O primeiro turno, por exemplo, vai das 6h às 14h. Ou seja, o lixo de uma rua varrida às 6h30 pode ser retirado até as 18h. Nesse período, moradores, vendo sacos deixados ali por funcionários que prestam o serviço de limpeza pública, aproveitam para colocar também o lixo de sua casa ou seu comércio.
Esse lixo domiciliar costuma ser acondicionado em sacos pretos ou nas sacolinhas distribuídas pelo comércio, geralmente brancas ou azuis.
Só que a empresa de varrição retira apenas os sacos amarelos. O restante fica à espera da coleta domiciliar.
A Folha acompanhou uma situação dessas na esquina das ruas Taguá e Pirapitingui, na Liberdade, no centro. Sacos de lixo domiciliar foram colocados ao lado de sacos amarelos da varrição no dia 9 de maio. O lixo da varrição foi retirado no mesmo dia. O restante, só na noite de quinta-feira, dia 12.
Os horários de coleta são diferentes para cada um dos serviços -varrição, lixo domiciliar e coleta seletiva. Quem quiser separar o lixo para reciclagem, por exemplo, terá horários diferentes para o lixo orgânico e o reciclável. A cidade recicla menos de 1% do lixo que produz.
Leia também: "Kassab mudará atual modelo de limpeza pública" – Folha de S.Paulo
